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GUERRA

Rússia admite que a resolução da guerra é extremamente complexa

O porta-voz destacou que o Kremlin dispõe de canais de diálogo com Washington e continuará a usá-los

Isabel Alvarez

Publicado: 03/06/2025 às 15:28

Conversações entre as delegações russas e ucranianas na Turquia /ADEM ALTAN/AFP

Conversações entre as delegações russas e ucranianas na Turquia (ADEM ALTAN/AFP)

O Kremlin reconheceu hoje que a resolução do conflito com a Ucrânia é extremamente complexa, um dia após a segunda rodada de novas conversações entre as delegações russas e ucranianas na Turquia terem terminado sem um acordo de cessar-fogo.

"Seria errado esperar decisões e progressos imediatos. A questão da resolução do conflito é extremamente complexa e envolve muitas nuances. Mas Moscou pretende, acima de tudo, eliminar as causas profundas do conflito para alcançar a paz com Kiev. Agora, é preciso que os acordos alcançados em Istambul sejam implementados e depois o trabalho prosseguirá. Estamos à espera de uma reação ao memorando que foi enviado. O projeto de memorando contém muitas disposições e existem também várias opções. Tudo se destina a eliminar as causas profundas deste conflito e a avançar para uma trajetória de regulação sustentável", disse Dmitri Peskov, porta-voz presidencial da Rússia, em alusão a lista de exigências entregue a comitiva ucraniana na segunda-feira (2).

O porta-voz destacou que o Kremlin dispõe de canais de diálogo com Washington e continuará a usá-los, mas ainda considerou pouco provável, num futuro próximo, um encontro entre Vladimir Putin e os presidentes da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, e dos Estados Unidos, Donald Trump, que foi sugerido pela Turquia na segunda-feira e pedido por Kiev.

No entanto, a Casa Branca declarou que Trump poderia viajar à Turquia para participar do encontro.

Enquanto isso, os intensos ataques continuam, e até agora os esforços diplomáticos para encontrar uma saída para a ofensiva russa produziram concretamente poucos resultados. Os dois países concordaram na última reunião somente com mais uma troca de prisioneiros e de corpos de soldados mortos na guerra.

Memorando russo

Segundo o memorando, os termos principais para alcançar um cessar-fogo e estabelecer um acordo de paz duradouro., foi publicado pelas agências russas TASS e Ria Novosti. Nele, o país exige uma retirada completa do exército ucraniano das regiões parcialmente ocupadas de Donetsk, Lugansk, Zaporijia e Kherson, e que deve acontecer antes de ser estabelecida uma trégua de 30 dias.

Outras exigências incluem o reconhecimento legal da comunidade internacional das quatro regiões e da península da Crimeia, anexada em 2014, como territórios russos, assim como a neutralidade da Ucrânia, excluindo a pretensão de Kiev de aderir a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).

Todas estas exigências já foram rejeitadas anteriormente pelo governo ucraniano, que por sua vez, pede a retirada do exército russo do seu território, que corresponde a aproximadamente a 20%.

Em contrapartida, Zelensky, afirma que os consecutivos ataque russos demonstram que a Rússia não está empenhada em alcançar a paz. "É óbvio: sem pressão global, sem ações decisivas por parte dos EUA, da Europa e de todos os que têm poder no mundo, Putin não aceitará sequer um cessar-fogo. Não passa um único dia sem que a Rússia ataque cidades e aldeias ucranianas. Todos os dias, perdemos o nosso povo para o terror russo. Todos os dias, a Rússia apresenta novas razões para impor sanções mais duras e reforçar o apoio à nossa defesa", escreveu na rede social

Além disso, Zelensky adiantou que a Ucrânia foi convidada para a próxima cúpula da OTAN que se realizará em Haia entre 24 e 26 de junho. "Penso que isto é importante", comentou.

 

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