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RELAÇÕES INSTITUCIONAIS

Barcelona decide cortar relações com Israel

Barcelona tem uma parceria de anos com a Cidade de Gaza, um acordo de "cidade gêmea"

Isabel Alvarez

Publicado: 02/06/2025 às 18:16

Câmara Municipal de Barcelona /Joan Puig

Câmara Municipal de Barcelona (Joan Puig)

A Câmara Municipal de Barcelona aprovou uma moção histórica, na qual a capital da Catalunha decidiu suspender as relações institucionais, que mantinha através de uma parceria desde 1998, com o atual governo israelense até que seja restaurado o Direito Internacional na Faixa de Gaza, com o respeito e a garantia pelos direitos básicos do povo palestino.


Além disso, serão vetados contratos com empresas que colaborem com a ocupação da Palestina, com companhias que invistam em assentamentos ilegais, assim como navios com armas para Israel não poderão mais atracar no porto da cidade. O texto também cita que a Feira de Barcelona não vai permitir pavilhões de Israel nem empresas de armamento. “Não se pode defender os Direitos Humanos ao mesmo tempo em que se coopera com aqueles que os pisam”, afirmou a vereadora catalã Janet Sanz.

A vice-presidente da Câmara, Maria Eugènia Gay, acrescentou que a ofensiva israelense em Gaza é uma barbárie, um abismo moral.

O grupo ativista Spanish Revolution reforça a fundamentação da defesa dos Direitos Humanos e denuncia o abuso a que a população de Gaza está sujeita. Os ativistas declararam que a Europa se acostumou a olhar para o outro lado, mas Barcelona não. O grupo ainda denuncia que existem empresas europeias ganhando dinheiro com cada bomba que atinge Gaza. “E não é retórica: é direito internacional. Barcelona voltou a estar do lado certo da história. Gaza sangra. Mas Barcelona não vai continuar a financiar esse sangue. Barcelona fez o que ninguém ousa fazer, nem Madrid, nem Paris, nem Berlim. Nem mesmo Bruxelas", diz o comunicado.

Em 2023, Ada Colau, a ex-presidente da Câmara de Barcelona já defendia que a cidade catalã não seria mais geminada com Tel Aviv, tendo acusado Israel de "apartheid" e de "flagrante e violação sistemática dos Direitos Humanos". Na ocasião, Colau se dirigiu ao primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu e afirmou que cerca de quatro mil eleitores condenavam o crime de apartheid contra o povo palestino.

Barcelona também tem uma parceria de anos com a Cidade de Gaza, um acordo de "cidade gêmea". A Espanha já reconheceu o Estado da Palestina e o primeiro-ministro espanhol Pedro Sánchez já fez várias críticas ao governo Netanyahu na condução da guerra.

Desde o inicio do conflito, aproximadamente 54 mil pessoas foram mortas pelos ataques israelenses e 123 mil ficaram feridos. A grande maioria das vítimas são mulheres e crianças. Além isso, a proibição de qualquer entrada de ajuda humanitária no enclave por mais de dois meses desencadeou uma catástrofe na região. Recentemente Israel disse que liberou a entrada, com a parceria de uma fundação norte-americana. No entanto, o Gabinete de Coordenação dos Assuntos Humanitários das Nações Unidas (OCHA) descreve Gaza como o lugar mais faminto do mundo e que há uma série de obstáculos burocráticos e de segurança israelense que tornam praticamente impossível o transporte seguro de ajuda para o território e tem provocado um caos, inclusive com mortes e feridos. "O que temos conseguido trazer é farinha. 100% da população de Gaza está em risco de fome", indica a OCHA.

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