UNICEF aponta cerca de 50 mil crianças mortas ou feridas em Gaza
"Estamos perante a destruição da própria vida na Faixa de Gaza", disse o diretor regional da UNICEF para o Oriente Médio e Norte de África
Publicado: 28/05/2025 às 11:49

Palestinos cuidam de uma menina ferida em um ataque israelense no bairro de Saftawi, a oeste de Jabalia, no norte da Faixa de Gaza, em 27 de maio de 2025. (Foto: BASHAR TALEB / AFP)
Nesta quarta-feira (28), o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) denunciou que mais de 50 mil crianças poderão ter sido mortas ou feridas desde o inicio da guerra na Faixa de Gaza.
"No total, mais de 50 mil crianças podem ter sido mortas ou feridas desde outubro de 2023. Quantos mais corpos de crianças serão necessários? Que nível de horror é necessário transmitir em direto até a comunidade internacional atuar, usar a sua influência e tomar medidas ousadas e decisivas para pôr fim a este massacre implacável de crianças?", disse Edouard Beigbeder, diretor regional da UNICEF para o Oriente Médio e Norte de África.
Beigbeder ainda apontou que desde o dia 18 de março, quando Israel rompeu o cessar-fogo acordado em janeiro com o Hamas e retomou as operações militares no enclave, 1.309 crianças morreram e outras 3.738 ficaram feridas.
O diretor regional da UNICEF indicou também que dois "ataques atrozes" de Israel no fim de semana fornecem ainda mais provas do preço incalculável que as crianças da Faixa de Gaza estão a pagar por causa desta guerra implacável.
"Na sexta-feira, vimos vídeos dos corpos queimados e desmembrados dos filhos da família Al Najar enquanto eram retirados dos escombros da sua casa em Khan Yunis. De 10 irmãos com menos de 12 anos, apenas um sobreviveu, sofrendo ferimentos graves", disse Beigbeder, referindo-se à morte de nove filhos de uma médica palestina, Alaa al Najar, numa ofensiva que atingiu a casa da pediatra.
Beigbeder denunciou as graves violações contra crianças, o bloqueio da ajuda humanitária, a fome, a desnutrição severa, a constante deslocação forçada, assim como a destruição de hospitais, sistemas de água, escolas e lares são situações observadas no enclave palestino.
“Estamos perante a destruição da própria vida na Faixa de Gaza. A UNICEF exorta mais uma vez todas as partes em conflito a acabar com a violência, a proteger os civis, incluindo as crianças, a respeitar o direito internacional humanitário, a permitir a entrega imediata de ajuda humanitária e a libertar todos os reféns", afirmou.
Papa apela por trégua
O Papa Leão XVI apelou hoje por um cessar-fogo em Gaza, e pediu a Israel e aos militantes do Hamas que respeitem completamente o direito humanitário internacional.
"Na Faixa de Gaza, os gritos intensos estão chegando ao Céu. Há cada vez mais mães e pais que seguram com força os corpos dos seus filhos mortos. Aos responsáveis, renovo o meu apelo: parem com os combates. Libertem todos os reféns. Respeitem completamente o direito humanitário", declarou o pontífice.
Também o ministro das Relações Exteriores da Itália, Antonio Tajani, declarou que o ataque contínuo de Israel à Gaza se tornou inadmissível e deve parar imediatamente. "A reação legítima do governo israelense a um ato terrorista terrível e sem sentido está assumindo formas dramáticas e inaceitáveis. Pedimos a Israel que cesse imediatamente", disse.

