Erros em série: fim de semana caótico escancara crise da arbitragem no futebol brasileiro
Enquanto o VAR é questionado por critérios inconsistentes, CBF anuncia afastamento de árbitros e promessa de "reciclagem"
O futebol brasileiro voltou a ser marcado por polêmicas de arbitragem no fim de semana. Em vez de o foco recair sobre atuações, táticas e gols, as discussões giraram em torno dos erros, omissões e decisões inconsistentes do apito, um problema que corrói a credibilidade do Brasileirão. Redes sociais, dirigentes e torcedores transformaram os episódios em pauta principal, escancarando a crise técnica e de confiança que envolve a arbitragem nacional.
O Sport voltou a ser uma das vozes mais críticas. O clube pernambucano emitiu uma nota oficial nesta segunda-feira (6) repudiando a condução de Jefferson Ferreira de Moraes na partida contra o Cruzeiro, encerrada em 1 a 1, no Mineirão. Segundo o texto, dois lances "interferiram diretamente no resultado" e tiraram o protagonismo dos atletas.
A bronca rubro-negra não é nova. Na rodada anterior, após o empate com o Fluminense por 2 a 2, o clube também reclamou duramente do árbitro Raphael Claus e do VAR, cogitando até pedir a anulação do confronto.
Um levantamento do DataESPN mostra que o Sport é, até aqui, o time mais prejudicado nas decisões do árbitro de vídeo no Brasileirão: apenas três lances a favor e nove contra, um saldo negativo de -6.
SÃO PAULO X PALMEIRAS
As críticas, porém, não ficaram restritas ao Leão. A 27ª rodada foi repleta de casos que geraram indignação. O duelo entre São Paulo e Palmeiras, vencido pelo Verdão por 3 a 2, transformou-se em um escândalo após a não marcação de um pênalti claro para o Tricolor.
O árbitro Ramon Abatti Abel e o VAR Ilbert Estevam da Silva foram afastados pela CBF, que admitiu "treinamento, aprimoramento e avaliação interna" para ambos. Curiosamente, Abatti já havia sido afastado no ano passado, também por erros em jogo do Palmeiras.
Diante do cenário, a CBF optou por não divulgar os áudios do VAR do clássico entre São Paulo e Palmeiras. O argumento é o protocolo interno: apenas lances revisados no monitor são tornados públicos, algo que não ocorreu nos lances mais contestados. A decisão, no entanto, aumentou ainda mais a desconfiança e a pressão por transparência.
BRAGANTINO X GRÊMIO
Em Bragança Paulista, a vitória do Red Bull Bragantino por 1 a 0 sobre o Grêmio também terminou com polêmica. O pênalti marcado nos acréscimos, com auxílio do VAR, gerou revolta no time gaúcho.
“Fomos prejudicados contra o São Paulo, contra o Santos e hoje novamente. Você pode tirar, por baixo, uns 16 ou 17 pontos do Grêmio na competição. Temos o nosso demérito de errar dentro de campo, mas o que aconteceu não pode acontecer. E não é só com o Grêmio. O Sport já foi prejudicado, outros também, e na próxima rodada vai ser o Bragantino prejudicado. Mas a gente não tem uma liga que profissionalize os árbitros, que capacite a melhora do jogo. Eles são influenciáveis e tendenciosos”, desabafou o lateral Marlon ao Premiere.
Na partida entre Massa Bruta e Imortal, Lucas Casagrande e Gilberto Rodrigues Castro Junior, árbitro de campo e VAR, respectivamente, também foram afastados.
MAIS POLÊMICAS E CRÍTICAS
O caos se estendeu a outras partidas. O Botafogo reclamou da não marcação de pênalti sobre Arthur Cabral na derrota para o Internacional. O Vitória questionou a expulsão de Lucas Halter diante do Vasco. E até o Flamengo, derrotado pelo Bahia, engrossou o coro de críticas. O diretor de futebol José Boto criticou duramente a arbitragem brasileira, citando o mesmo Ramon Abatti Abel, ainda que o juiz nem estivesse em campo no duelo do Rubro-Negro.
Confira nota da Comissão de Arbitragem da CBF:
''A Comissão de Arbitragem da CBF informa que os árbitros centrais e de vídeo (VAR) das partidas Red Bull Bragantino x Grêmio e São Paulo x Palmeiras, válidas pela 27ª rodada da Série A do Campeonato Brasileiro 2025, serão condicionados a treinamento, aprimoramento e avaliação interna, para posterior retorno às atividades".
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