Sport vê reforços menos badalados renderem mais do que medalhões da 1ª janela de transferências
Gastando bem menos na montagem do time do que no início do ano, Sport vê reforços renderam mais desta vez
O Sport vive, enfim, um momento de reconfiguração de identidade dentro da Série A do Campeonato Brasileiro. Depois de um início de temporada marcado por altos investimentos mais de R$ 50 milhões aplicados na montagem do elenco, valor recorde na história do clube, e expectativas de reconstrução e voos mais altos no cenário nacional, o Leão viu grande parte das apostas feitas no começo do ano não corresponderem ao esperado. O resultado foi um time sem padrão de jogo definido com dois treinadores, distante do rendimento planejado e com uma lanterna na tabela do Brasileirão.
Sob o comando de Daniel Paulista, que assumiu o time em junho e teve cerca de um mês de preparação para trabalhar a equipe, o cenário começou a mudar. Ao lado da gestão de futebol, o treinador foi ativo no mercado na atual janela de transferências, mas desta vez com uma estratégia diferente: contratações pontuais, alinhadas a um perfil de jogo já estabelecido.
Jogadores que chegaram, inclusive por empréstimo até o fim da competição, conquistaram espaço como titulares e vêm recebendo elogios de torcedores e do próprio treinador, mostrando mais sintonia com a nova proposta de jogo.
Após amargar 19 jogos e 141 dias sem vencer na temporada, o Sport conseguiu enfim encerrar seu longo jejum no último domingo (10), ao derrotar o Grêmio por 1 a 0, na Arena do Grêmio, com gol de Matheusinho, um desses atletas que vieram na atual janela e já demonstram estar adaptados à missão de tirar o clube da zona do rebaixamento.
No total, nove reforços chegaram até aqui nesta janela, fruto de uma postura mais assertiva e enxuta em relação ao início do ano. São eles: o goleiro Gabriel Vasconcelos, emprestado pelo Vitória até o fim do ano, em negociação que também envolveu o empréstimo do goleiro Thiago Couto ao Leão da Barra; na defesa, o zagueiro Ramon Menezes, em definitivo, com contrato válido até dezembro de 2026; o lateral-esquerdo Kévyson, emprestado pelo Santos, e o lateral-direito Aderlan, que chegou ao Sport após rescindir, em comum acordo, com o Santos.
Avançando na escalação leonina, também faz parte das caras novas o volante Pedro Augusto, vindo do Fortaleza e também contratado, firmando vínculo até 2026; além dos atacantes Derik Lacerda, envolvido no negócio que cedeu Carlos Alberto ao Cuiabá por empréstimo, Ignacio Ramírez, emprestado com contrato até junho de 2026; Matheusinho, também por empréstimo até junho de 2026, com obrigação de compra ao fim do vínculo mediante metas estipuladas; Léo Pereira, emprestado com opção de compra e contrato até dezembro deste ano.
"Foi montado um time com uma ideia de perfil de jogo. E, quando a gente chega, junto com o Daniel, que faz parte disso, identificamos que precisávamos mudar o perfil. Quando você faz isso, a primeira decisão não é trazer novas pessoas, e sim definir quem não se encaixa no perfil que a gente tem que mudar. Primeiro tirar, para depois trazer, alinhado com o treinador, todas as tomadas de decisão", disse Enrico Ambrogini, diretor geral de futebol do Sport, em entrevista ao GE.
Do gasto recorde à reformulação
Entre os que chegaram na atual janela, o goleiro Gabriel, o zagueiro Ramon Menezes, o meia-atacante Matheusinho e o atacante Derik Lacerda conquistaram o espaço com o professor Daniel. Léo Pereira, que veio por pedido do comandante rubro-negro, também vem recebendo oportunidades e pode ser outro a figurar entre os onze com mais frequência.
A mudança de filosofia no mercado contrasta com o que ocorreu no início de 2025. Até fevereiro, o Sport havia realizado 15 contratações, investindo mais de R$ 50 milhões. Foram cinco estrangeiros: os portugueses João Silva, Sérgio Oliveira e Gonçalo Paciência; o argentino 'Chino' Atencio; e o colombiano Christian Rivera. Entre eles, apenas Rivera conseguiu se firmar como titular. O volante, inclusive, foi o reforço mais caro da história rubro-negra, custando 3 milhões de dólares (cerca de R$ 17 milhões). Já Atencio também obrigou o Leão a abrir os cofres, com investimento de R$ 12 milhões.
Em coletiva recente, Yuri Romão, presidente do clube, admitiu erros na montagem do elenco no começo do ano, apesar de defender a estratégia inicial: "O equívoco não foi de estratégia. Inclusive, ela foi muito elogiada por vocês da imprensa. Ela se mostrou acertada. O que aconteceu, ao meu ver, foi que investimos de forma equivocada. A gente não soube montar a equipe como deveria."
Hoje, o Sport apresenta um padrão mais reconhecível em campo, algo que parecia distante no início da temporada. O que antes era um elenco dispendioso, mas sem coesão, agora se molda a um grupo com funções mais claras, peças que se encaixam e um técnico que conseguiu imprimir sua identidade, devolvendo à torcida a esperança de uma reação sólida no Brasileirão.