SDS notifica Náutico, Santa Cruz e Sport por torcedores envolvidos em intolerância esportiva
Mesmo proibidas judicialmente desde 2020, organizadas ainda encontram brechas contra a fiscalização
Publicado: 01/08/2025 às 20:32

Confronto entre organizadas de Santa e Sport foi registrado antes do Clássico das Multidões (Foto: Reprodução/Redes Sociais)
A Secretaria de Defesa Social de Pernambuco (SDS) notificou Náutico, Santa Cruz e Sport com uma lista de torcedores identificados em atos de intolerância esportiva. Os nomes foram levantados pela Delegacia de Polícia de Repressão à Intolerância Esportiva (DPRIE/PCPE) e estão vinculados às principais torcidas organizadas de cada clube.
A medida visa impedir o ingresso nas praças desportivas do Estado de Pernambuco, daqueles indivíduos que se enquadram nas atinentes restrições. Os documentos, que apresentam identificação nominal, acompanhada de informações, foram endereçados diretamente aos presidentes dos clubes e fazem parte das medidas previstas no Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), firmado este ano entre os times, o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) e a Federação Pernambucana de Futebol (FPF), após os violentos confrontos entre torcedores de Sport e Santa Cruz no dia 1º de fevereiro, nos arredores do bairro da Torre, Zona Norte do Recife.
O Sport confirmou o recebimento da notificação da SDS e afirmou que iniciou de imediato os procedimentos internos para atender integralmente às determinações. Em nota oficial, o clube destacou que todas as providências seguem a legislação vigente, os regulamentos esportivos e os termos acordados com as autoridades.
"O Sport considera a segurança e a integridade de seus torcedores uma prioridade absoluta. O Clube mantém-se firme na colaboração com os órgãos públicos e policiais, buscando contribuir para a prevenção de conflitos, a promoção do respeito entre torcedores e a preservação da boa convivência no futebol", declarou o clube por meio de comunicado.
O Santa Cruz também confirmou que recebeu a relação de torcedores identificados e afirmou ter encaminhado a lista à empresa responsável pelo sistema de biometria facial instalado no Arruda. A ideia é impedir que os torcedores envolvidos em atos de violência tenham acesso ao estádio.
O Náutico, por sua vez, afirmou que ainda não foi notificado pela SDS e, por isso, não se pronunciou oficialmente sobre o caso.
HISTÓRICO DE VIOLÊNCIA RECENTE
Os desdobramentos dessa notificação estão diretamente ligados aos episódios de violência registrados nos últimos meses. Em fevereiro, horas antes do Clássico das Multidões, confrontos entre torcedores de Sport e Santa Cruz causaram caos em diversos pontos do Recife. Vídeos mostraram brigas generalizadas, agressões, cenas de violência sexual e até o bloqueio de vias públicas — episódios que ganharam repercussão até na imprensa internacional.
Como resposta, o MPPE, a FPF e os clubes firmaram um compromisso de ruptura institucional com as três principais torcidas organizadas: Jovem (Sport), Inferno Coral (Santa Cruz) e Fanáutico (Náutico). O acordo reforça a decisão do Tribunal de Justiça de Pernambuco, que, desde 2020, determinou a extinção dessas torcidas por histórico de "violência, vandalismo e brigas".
No entanto, mesmo proibidas, essas torcidas continuam atuando de forma disfarçada, muitas vezes com outros nomes e sem os uniformes tradicionais, mas mantendo os comportamentos violentos. Em junho deste ano, o Tribunal de Justiça do Estado de Pernambuco (TJPE) tornou réus 41 integrantes das torcidas Jovem do Leão e Explosão Inferno Coral, acusados de protagonizar os episódios de fevereiro.
Em julho, integrantes de uma torcida organizada do Sport invadiram o Centro de Treinamento de Paratibe e ameaçaram jogadores. Em um dos vídeos que circularam nas redes sociais, o atacante Pablo é agredido fisicamente por um torcedor que, em tom ameaçador, afirma que "todos têm antecedentes criminais".
Outro caso recente envolve o Santa Cruz. A sede da empresa do presidente do Conselho Deliberativo do clube, Victor Pessoa de Melo, amanheceu pichada com a frase "Sem SAF, sem paz", em meio ao processo do clube tricolor com a Sociedade Anônima do Futebol.
Com repercussão ainda maior, em fevereiro de 2024, o ônibus do Fortaleza foi alvo de um atentado a poucos quilômetros da Arena de Pernambuco, após jogo contra o Sport, pela Copa do Nordeste. Seis jogadores do Leão do Pici ficaram feridos.

