Fórum Ademi debate habitação e requalificação urbana como impulso para a economia no Brasil
Fórum imobiliário realizado pela Ademi-PE reúne representantes dos setores público e privado, lideranças e especialistas para discutir a requalificação urbana no país
Publicado: 26/11/2025 às 17:01
Fórum Ademi acontece nesta quarta-feira (26), no Recife Expo Center (foto: Armando Artoni)
Com foco no debate sobre novos aspectos para a requalificação urbana no Brasil que devem impulsionar a economia a nível nacional e local, a Associação das Empresas do Mercado Imobiliário de Pernambuco (Ademi-PE) realiza, nesta quarta-feira (26), o Ademi Fórum. O encontro, que acontece no Recife Expo Center, reúne especialistas na área e representantes dos setores público e privado.
O presidente da Ademi-PE, Rafael Simões, destaca a importância do encontro como um espaço para o diálogo de interesse coletivo, que deve servir como um norte para as decisões do setor imobiliário. “A gente reúne aqui a sociedade como um todo para discutir caminhos que interessam a todos nós, como onde e como vamos morar. Entre os principais caminhos para o futuro, trazemos aqui discussões sobre expansão vertical e revisões urbanísticas. Além da expansão horizontal que se dá através da mobilidade e infraestrutura”, afirma.
Simões reforça ainda que o debate também é sobre soluções para acomodar a demanda de 11 mil unidades por ano gerada pela Região Metropolitana do Recife. “Esses são os números de unidades vendidas nos últimos 12 meses. Então, estamos falando de algo em torno de 55 mil unidades nos próximos 5 anos e de 100 mil para os próximos 10 anos. Onde vamos acomodar essas pessoas?”, questiona.
Ele destaca ainda que o Recife já consolidou avanços urbanísticos importantes como o da Nova Lei de Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo (LPUOS). “A cidade hoje se encontra numa fase de regulamentação dessa lei para que a gente consolide esse estímulo e possa avançar para acomodar essa demanda que é super importante”, aponta.
Vetor econômico e social
O professor e coordenador do Centro de Estudos das Cidades do Insper, José Police Neto, que participou como palestrante do Painel 2, com o tema “Requalificação urbana como vetor econômico: Oportunidades e efeitos reais”, aponta a questão do esvaziamento dos centros como uma oportunidade para novos investimentos em imóveis.
“O setor público precisa saber oferecer para a sociedade uma regulação de uso, de ocupação, de reparcelamento da região central de maneira muito simples que todos possam entender, investir e reencontrar a vocação das regiões centrais. A ideia é fazer com que a região central, a partir da regulação, volte a ser tão ou mais atrativa do que investir fora da região central”, enfatiza.
Segundo Police, o foco é também fazer com que investimentos privados resgatem a área central. Ainda de acordo com ele, esses recursos devem atrair a população para habitar os centros urbanos. “O primeiro desejo é encontrar soluções para regular o modelo de ocupação para tornar adequado às residências um espaço que serviu muito à atividade econômica. Com isso, será necessário usar a legislação municipal para permitir induzir os investimentos imobiliários residenciais. Eles terão que ser para múltiplas rendas, desde a baixa renda até a altíssima renda”, reforça.
O debate surge em um momento de aumento do teto do Minha Casa Minha Vida (MCMV) e dos avanços do programa Morar Bem Entrada Garantida, do estado, e do ProMorar, programa de requalificação urbana da iniciativa municipal.
O advogado e coordenador do evento, Guilherme Guerra, também reforça o processo de mudança na legislação urbana que deve transformar o centro da capital pernambucana como exemplo do retrofit. “A aprovação por unanimidade da lei de parcelamento, uso e ocupação do solo permite que, agora sim, a gente consiga fazer a revitalização dos centros expandidos do Recife, gerando fomento, gerando aumento de potencial construtivo, apenas para aqueles players do mercado imobiliário que implementarem retrofit no centro, gerando habitações sociais”, disse.
Requalificação urbana local
A secretária de Desenvolvimento Urbano e Habitação de Pernambuco, Simone Nunes, destaca os resultados do programa Morar Bem Pernambuco como importantes também a cadeia de geração de renda para a população. “Depois do lançamento do programa Morar Bem, Pernambuco, nós tivemos um incremento de mais de 25 mil unidades de imóveis para famílias de até dois salários mínimos. Impulsionamos muito o mercado, garantindo que as pessoas de mais baixa renda tenham oportunidade”, disse. Segundo ela, para 2026, a expectativa é de que mais 10 mil unidades sejam lançadas, com orçamento já garantido.
Em relação aos projetos de retrofit, a secretária destacou que o processo para a requalificação de dois imóveis já está em andamento pelo governo do estado. As antigas sedes do IBGE, no bairro da Boa Vista, e INSS, no bairro de Santo Antônio, que já foram solicitadas por movimentos de luta por moradia e devem ser destinados aos Minha Casa Minha Vida. “Nós estamos em plena negociação já em fase final para a aquisição de um edifício na Avenida Guararapes que vai ser para moradia para faixa 1 e 2 de renda do Minha casa Minha Vida FGTS, que também vai ser um retrofit de um prédio que já existe”, disse.
O secretário de Desenvolvimento e Licenciamento do Recife, Filipe Matos, citou o projeto Distrito Guararapes, da prefeitura municipal, como um exemplo de requalificação urbana na capital. “É uma operação de parceria público-privada que estamos fazendo. A gente pega imóveis abandonados e expropria esses imóveis, na expectativa de que uma empresa faça o desenvolvimento imobiliário desses imóveis para o Minha Casa, Minha Vida e que a renda gerada desse desenvolvimento se reverta em melhorias para a área pública”, afirma.