Ex-funcionários do Bandepe reforçam mobilização contra a extinção da Bandeprev
Beneficiários do antigo Bandepe são contra a incorporação do fundo de previdência da entidade (Bandeprev) ao SantanderPrevi
Publicado: 25/11/2025 às 19:53
Atual sede da Bandeprev fica localizada em Boa Viagem, na zona Sul to Recife (Foto: Google Street View/Reprodução)
Beneficiários do Bandeprev, entidade de previdência privada fechada vinculada ao extinto Banco do Estado de Pernambuco (Bandepe), voltaram a se posicionar contra a incorporação do fundo de previdência pela SantanderPrevi. Entre as principais reivindicações dos aposentados, ativos e pensionistas está a mobilização contra a transferência da sede do Bandeprev, hoje localizada em Boa Viagem, zona Sul do Recife, para São Paulo.
O movimento ganhou força em outubro de 2024, quando o Santander anunciou que pretendia incorporar o Bandeprev. Os participantes apontam que a saída da sede para outro estado dificultaria o atendimento a cerca de 1.900 pessoas, entre ativos, aposentados e pensionistas.
Segundo a presidente da Associação Unidos pela Bandeprev (UniBandeprev), Maria do Carmo Calado, a reação dos beneficiários da Bandeprev foi de insatisfação. “A primeira providência nossa foi de contratar advogados para poder nos defender. Acreditamos que essa medida é injusta e não existe explicação técnica razoável para que a gente aceite essa incorporação. Ou seja, a extinção da Bandeprev”, destaca.
Para a beneficiária, outro ponto abordado entre as reivindicações é a ausência de participantes do Bandeprev na governança, algo que, segundo ela, é proposto pelo Santander. “Nós não vamos ter nenhum diretor nosso que participe do fundo. Nenhum conselheiro, nem deliberativo, nem fiscal. Ou seja, o nosso patrimônio de mais de R$ 2,5 milhões vai ficar sendo monitorado, aplicado, manuseado por pessoas que sequer nos conhecem”, aponta.
De acordo com o aposentado da instituição, Ricardo Maciel, que trabalhou no banco durante 24 anos e chegou a ser superintendente da Bandeprev, a transferência da sede da Bandeprev para São Paulo dificultaria o atendimento aos beneficiários que fazem parte do sistema. “A maioria tem acima de 75 anos e muitos moram no interior do Pernambuco, muitos não têm nem acesso à comunicação e informática. Como é que vão tirar meu atendimento aqui para levar para São Paulo? Se o beneficiário tiver algum problema, quiser alguma informação, ou sem caso de falecimento, como será feito o processo de pensão? É muito complicado”, reforça.
Maciel destaca ainda que, além da dificuldade no atendimento, o grupo teme a segurança dos recursos, já que, se for liquidado, o recurso dos beneficiários do Bandeprev passaria a ser incorporado ao SantanderPrevi.
“O dinheiro capitalizado pela Bandeprev é nosso, não é do banco. Nós contribuímos todo mês quase R$ um milhão e o banco coloca R$ 15 mil. É obrigação dele, mas em contrapartida, nós pagamos os empregados que eles colocam à disposição da Bandeprev, com o nosso dinheiro. O nosso fundo administrativo é que custeia os empregados dele, que prestam serviço em São Paulo”, afirma.
Ainda segundo o aposentado, o diretor financeiro, o diretor de seguridade e o próprio presidente da Bandeprev são exemplos de cargos da entidade que são ocupados por pessoas que atuam diretamente de São Paulo, com aval do banco Santander.
Autorização
Maciel detalha ainda que a instituição financeira chegou a comunicar à Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc) o pedido de incorporação e transferência dos planos. Porém, desde outubro do ano passado, o órgão fiscalizador segue em análise, sem aprovação do pedido até o momento.
O Diario de Pernambuco entrou em contato com a assessoria de imprensa do banco Santander, mas até a publicação desta matéria não obteve reposta.