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Administração pública

Falhas na administração de impostos atingem 99% dos municípios do estado, diz TCE-PE

Segundo o TCE-PE, a gestão tributária compreende o conjunto de ações, estruturas e normas voltadas à organização, arrecadação, fiscalização e gestão dos tributos municipais, como IPTU, ISS e ITBI.

Diario de Pernambuco

Publicado: 23/10/2025 às 09:37

Levantamento do TCE-PE mostra que 81% das contratações públicas de Pernambuco em 2024 foram realizadas com micro e pequenas empresas (MPEs) /TCE-PE/Reprodução

Levantamento do TCE-PE mostra que 81% das contratações públicas de Pernambuco em 2024 foram realizadas com micro e pequenas empresas (MPEs) (TCE-PE/Reprodução)

O Tribunal de Contas de Pernambuco (TCE-PE) divulgou um levantamento que aponta deficiências “significativas” na administração tributária de 99% dos municípios analisados no Estado.

Segundo o TCE-PE, a gestão tributária compreende o conjunto de ações, estruturas e normas voltadas à organização, arrecadação, fiscalização e gestão dos tributos municipais, como IPTU, ISS e ITBI.

O estudo mostra as falhas detectadas, que vão desde a ausência de servidores especializados até lacunas na legislação e na fiscalização dos principais tributos locais.

O que diz o levantamento

Falta de pessoal qualificado - 63% dos municípios não contam com servidores efetivos na carreira de fiscal tributário, o que compromete a eficiência da arrecadação;

IPTU desatualizado - 85% das prefeituras não revisaram a Planta Genérica de Valores (PGV) nos últimos quatro anos, resultando em cobranças com base em valores defasados;

Isenções indevidas - 50% das cidades concedem isenções de IPTU e/ou ITBI a servidores municipais, prática vedada pela Constituição Federal;

Fiscalização ineficiente do ISS - 72% das gestões não fiscalizam o Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS), principal fonte de receita municipal. O problema é mais grave nos setores da construção civil (85%) e instituições financeiras (83%);

Renúncia de receitas - 39% das administrações não realizam a retenção do Imposto de Renda na contratação de bens e serviços, abrindo mão de receita própria;

Cobrança ineficaz da dívida ativa - 47% dos municípios não executam a cobrança administrativa dos contribuintes inadimplentes.

O que está sendo feito


Diante dos resultados, o TCE-PE informou que iniciou auditorias específicas para identificar as causas das deficiências.
A meta é acompanhar as medidas corretivas adotadas pelos gestores municipais.

Foram ainda emitidas determinações e recomendações visando aprimorar os processos de arrecadação e fortalecer a sustentabilidade fiscal local.

O TCE-PE também orientou as prefeituras sobre a importância de firmar convênios com o Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) para viabilizar a cobrança do ISS devido por cartóriosextrajudiciais — iniciativa ainda não implementada por 24% dos municípios.

O levantamento ressalta, ainda, que a reforma tributária em curso no país exige atenção imediata dos municípios, especialmente em temas como:

O impacto do ISS na futura distribuição do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS);
A obrigatoriedade de adoção da Nota Fiscal de Serviços Eletrônica (NFS-e) até 31 de dezembro de 2025;
A inscrição de imóveis urbanos e rurais no Cadastro Imobiliário Brasileiro (CIB), com prazos que se estendem até 2026 e 2027.

Análise

O presidente do TCE-PE, Valdecir Pascoal, destacou a relevância do levantamento e a urgência de fortalecer a gestão tributária nos municípios pernambucanos.

“O levantamento mostra, com clareza, que ainda há um grande caminho a percorrer na efetiva cobrança e gestão dos tributos municipais. A instituição e arrecadação dos tributos da competência de cada ente federado é uma exigência expressa da Lei de Responsabilidade Fiscal e um dever constitucional dos gestores públicos”.

De acordo com o presidente, em um cenário de escassez de recursos e de desafios crescentes para garantir o equilíbrio e a sustentabilidade fiscal, é essencial que os municípios explorem de forma responsável e eficiente o seu potencial de arrecadação própria.

“Além das transferências constitucionais obrigatórias e voluntárias, como convênios e emendas parlamentares, as receitas próprias — oriundas de tributos como o IPTU, o ISS e o ITBI — são fundamentais para lastrear políticas públicas e fortalecer a autonomia municipal”, afirmou Pascoal.

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