Do K-pop à Economia: A Coreia em Pernambuco
Onda musical impulsiona o varejo e eventos em Pernambuco, gerando renda e abrindo um nicho lucrativo para empreendedores locais, que veem na cultura sul-coreana uma nova fronteira para os negócios
Publicado: 20/09/2025 às 02:00
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Atualizado: 20/09/2025 às 03:00

Feira Daebak (Foto: Lucas Emanuel/Divulgação)
O K-pop, gênero musical sul-coreano, movimentou R$ 3,2 milhões entre janeiro e julho de 2024, segundo dados da plataforma de e-commerce Nuvemshop, atual líder na América Latina. No varejo online, cresceu em 38% o número de produtos vendidos, na comparação entre 2023 e 2024. Oportunidade de negócios, os eventos e pequenos negócios crescem em Pernambuco, movimentando a economia através do consumo de produtos personalizados e outros itens.
De acordo com uma das organizadoras da Feira Daebak, que encerra neste domingo (21), no Shopping Tacaruna, no Recife, Roberta Meireles, há uma demanda significativa de empreendedores e empreendedoras que desejam vender seus produtos nesse tipo de evento. Uma das razões é o aumento significativo nas vendas para os lojistas. “As lojas costumam faturar quatro, cinco vezes mais que o valor investido para expôr. Temos uma demanda muito alta de lojas que querem participar. Infelizmente, não temos espaço para atender todas”, explica.
Roberta ainda acrescenta que, como a maioria não tem loja física, as feiras são uma ótima oportunidade de vender diretamente aos clientes, ainda mais em evento de nicho, onde todo o público é potencial consumidor.
A feira, que aconteceu também nos domingos 7 e 14 deste mês, reúne lojas de produtos de consumo, gastronomia e atrações que remetem ao K-pop e ao país asiático. Para este domingo de encerramento, os ingressos esgotaram em menos de três horas.
“Participar de feiras específicas nos proporciona um aumento de 100% nas vendas e na divulgação dos nossos produtos. Nossas vendas triplicam em relação a outros eventos que não são específicos”, revela Thati Barbosa, fundadora da Mimo Pack.
A loja, que está no nicho de K-pop faz dois anos, começou com foco em papelaria geek e atualmente trabalha com os segmentos de música sul-coreana e cultura geek. Thati relata que “depois que entramos no mundo K-pop, o crescimento foi o dobro”.
Fanbase fiel
A participação em eventos é motivada pelo desejo de imersão cultural e a busca por produtos que representam a paixão dos fãs. A estudante universitária Beatriz Acioli, de 25 anos, relata que gasta em média R$ 100 a R$ 150 em eventos, comprando desde comida a itens temáticos, como "photocards de idol com camisa de algum time regional". Da mesma forma, a universitária Gabriela Melo, de 22 anos, investe entre R$ 80 e R$ 100 em produtos como pôsteres, adesivos e chaveiros personalizados.
Embora o acesso a produtos oficiais seja facilitado pela internet, a compra em feiras e eventos se destaca pela oportunidade de adquirir itens únicos e de produção local, como os artigos "fanmade" (feitos por fãs).
Lyandra Alves, também universitária de 25 anos, pontua que a pouca divulgação desses eventos nas mídias tradicionais pode ser um obstáculo para aqueles que não estão tão conectados às redes sociais, limitando o alcance a um público já engajado. Contudo, essa conexão em nicho é a base da fidelidade.
Olhar futuro
O futuro do mercado de cultura coreana em Pernambuco é visto com otimismo. A demanda por eventos e produtos é crescente e diversificada, abrangendo desde artigos personalizados como camisetas e decoração a alimentos e bebidas.
Produtora da feira, Roberta Meireles enxerga oportunidades em todas as regiões do estado para a realização de encontros temáticos com os fãs. “Existe um público gigante querendo consumir produtos tanto da nade quanto oficiais de K-pop e K-dramas. Também há muitas oportunidades de eventos, já que não são muitos os shows e “fanmeetings” que acontecem aqui, a maioria se concentra em São Paulo”, completa ela.

