Produtores pernambucanos relatam prejuízos com tarifaço dos EUA
Produção de manga é uma das mais afetadas em Pernambuco e registra mais de dois mil contêineres parados. Prejuízo pode chegar a US$ 48 milhões
Publicado: 23/07/2025 às 21:50

Com o objetivo de buscar alternativas, os representantes dos principais setores se reuniram com a governadora de Pernambuco, Raquel Lyra, nesta quarta-feira (23), no Palácio do Campo das Princesas (Fotos: Janaína Pepeu/Secom)
O tarifaço do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de 50% sobre as exportações do Brasil ao país norte-americano, que deve entrar em vigor no dia 1º de agosto, já representa uma ameaça aos principais setores produtivos de Pernambuco que exportam para os EUA. Segundo o superintendente da 3ª Superintendência Regional da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), Edilázio Wanderley, a produção de manga é a que está sendo mais afetada.
“Nós somos a referência na produção do país. Para se ter ideia, mais de 90% da manga e 92% da uva de mesa que é exportada pelo Brasil sai aqui do Vale do São Francisco, dos produtores de Pernambuco e da Bahia. Essa cadeia produtiva da fruticultura gera mais de 120 mil empregos diretos aqui na região, então esse tarifaço ataca um mercado crescente”, disse.
De acordo com a Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas), cerca de 2,5 mil contêineres estão parados, somente de manga, são 36,8 mil toneladas, no Sertão do São Francisco. Isso representa uma crise com potencial de comprometer a atual e as próximas safras.
O presidente da Abrafrutas, Guilherme Coelho, a produção de manga que está parada representa 13% da produção total do setor e equivale a um montante de US$ 48 milhões de dólares. De acordo com dados da Associação, em 2024, Pernambuco exportou 4.553 toneladas de manga para os EUA, representando o total de US$ 5,5 milhões de dólares.
Cana-de-açúcar
Outro setor que deve sofrer o impacto no estado é o da cana-de-açúcar. Renato Cunha destaca o nível desse impacto no Nordeste. “A gente pode suprimir nossas receitas em cerca de 220 milhões de dólares, o que dá quase R$ 1 bilhão, referente à exportação de cerca de 220 mil toneladas. É um impacto significativo”, aponta. Segundo ele, a participação de Pernambuco é cerca de 30% das cotas do Nordeste.
De acordo com dados do sistema Comex Stat do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), o estado foi responsável por exportar 63,9 milhões de dólares para os Estados Unidos.
Governo se reúne com produtores
Com o objetivo de buscar alternativas, os representantes dos principais setores se reuniram com a governadora de Pernambuco, Raquel Lyra, nesta quarta-feira (23), no Palácio do Campo das Princesas. Segundo o presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool no Estado de Pernambuco (Sindaçúcar-PE), Renato Cunha, a expectativa é que a governadora leve as demandas para o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços e também da Agricultura e Pecuária.
Segundo ele, os senadores integrantes da Comissão de Relações Exteriores do Senado que farão uma missão, na última semana de julho, à capital dos EUA, Washington, na busca de acordos também com o senado americano. A ideia é que mais representantes do setores produtivos do estado integrem a missão.
“Inclusive, eu como presidente do Sindaçúcar, estarei presente porque lá haverá uma reunião envolvendo os senadores, a comissão que irá de senadores de Brasília, nós e outros importadores americanos que estão tendo sérias interrupções nos seus fluxos de comércio exterior”, disse.
De acordo com a governadora, a prioridade de Pernambuco é a preservação dos empregos e da atividade econômica exportadora. “Estamos em conversas constantes com setores impactados e com representantes do Governo Federal para poder garantir as exportações através de uma política de negociação internacional. O fortalecimento do emprego e da renda é uma ação que nunca sairá do foco do nosso trabalho”, destacou a governadora Raquel Lyra.

