Tarifa de 50% inviabiliza exportações de açúcar
Presidente do Sindaçúcar e da NovaBio, Renato Cunha explica que o setor tem uma cota anual de exportação de 155 mil toneladas aos EUA há mais de 50 anos
Publicado: 11/07/2025 às 23:06

Renato Cunha, presidente do Sindaçúcar-PE (Foto: Divulgação)
A tarifa de 50% sobre produtos importados do Brasil a partir de 1º de agosto, anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, na última quarta-feira, inviabiliza a exportação de açúcar dos produtores nordestinos. A avaliação é do empresário Renato Cunha, presidente da Associação de Produtores de Açúcar, Etanol e Bioenergia (NovaBio) e do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool no Estado de Pernambuco (Sindaçúcar-PE).
Renato Cunha explica que os produtores da Região Nordeste exportam, a cada ano, 155 mil toneladas de açúcar a granel para os Estados Unidos.
“O volume é pequeno em relação à produção da região Nordeste, que é de cerca de 4% das 3,7 milhões de toneladas produzidas aqui. E eles pagam acima do valor de mercado. Mas a questão não é só de preço, é de previsibilidade de vendas”, explica.
O presidente da Novabio destaca ainda que, a cada safra, os produtores se preparam para atender essa demanda, que fica armazenada aguardando a ordem de embarque.
“Temos uma previsibilidade nesses lotes, que já são produzidos e armazenados, preparados para essa finalidade. Então são regras que estão mudando em pleno curso, quando a safra aqui tá começando, exatamente agora no mês de julho, agosto e setembro. Ou seja, essa produção foi pensada para cumprir essa cota”, detalha.
Sobre a tarifa, Renato Cunha explica que essa cota tinha alíquota zero e o setor já precisou absorver uma primeira tarifa, de 10%.
“Já houve um aumento, um increase como eles chamam, de 10%. Já foi uma coisa traumática, mas foi possível acomodar. Mas esses 50% tornam esse envio inviável”, avalia.
O sistema de cotas para a compra de açúcar pelos Estados Unidos funciona há mais de 50 anos, com um volume de compras de 1,1 milhão de toneladas de 39 países. “Eles têm como substituir nossa cota, comprando desses outros países e nós também temos como vender essa cota a outros países, mas não nas mesmas condições de preço e previsibilidade”, afirma.

