Pix Automático: confira como funciona a nova ferramenta
Instituições financeiras tradicionais e digitais, como o BB e a PagBrasil, projetam aderência por parte dos consumidores
Publicado: 04/06/2025 às 20:09

Ferramenta entra em operação em todo o território nacional a partir de 16 de junho (Bruno Peres/Agência Brasil)
O Pix Automático, nova modalidade para pagamentos instâneanos lançada pelo Banco Central (BC) nesta quarta-feira (4), promete ser uma alternativa mais segura e prática de pagamentos recorrentes, como contas de luz, água, internet e telefone, até assinaturas, planos e outras contas do tipo.
Cerca de 60 milhões de brasileiros que não tem acesso a cartões de crédito devem ser beneficiadas, segundo declarou o presidente do BC, Gabriel Galípolo, durante o evento de lançamento realizado em São Paulo, nomeado "Conexão Pix".
Embora a ferramenta comece a operar oficialmente apenas em 16 de junho, algumas instituções financeiras já anteciparam o Pix Automático para os clientes.
Como vai funcionar
O Pix Automático funciona assim: o cliente cadastra uma única vez a conta, pelo seu aplicativo do banco, estabelecendo valor máximo, frequência (mensal, quinzenal etc) e data de pagamento.
Os dados são registrados pela instituição do pagador e vinculados a um identificador único (Consentimento ID). Por medida de segurança, cada tentativa de cobrança é automaticamente verificada e, se estiver fora dos parâmetros definidos pelo pagador, a transação é recusada na hora, dando mais controle e segurança do que o débito em conta tradicional ou a recorrência com o cartão de crédito.
Antes de cada cobrança, o cliente é notificado pelo banco sobre o agendamento do pagamento, com detalhes como valor e data. É possível cancelar a cobrança via aplicativo, até 24 horas antes da execução.
Além disso, caso no momento da execução do pagamento não haja saldo suficiente na conta do pagador, é possível realizar até três tentativas posteriores de cobrança, em dias diferentes, dentro de um prazo de sete dias corridos, sempre respeitando os limites autorizados. E, se o usuário optar por não usar a linha de crédito, essa preferência será respeitada.
Segundo a gerente executiva de Meios de Pagamentos do Banco do Brasil, Dione Souza, a ferramamenta foi desenvolvida com múltiplas camadas de proteção e total transparência para o cliente. "Toda autorização é feita de forma clara, com possibilidade de gestão e cancelamento a qualquer momento", destacou em entrevista ao Diario. O BB foi o primeiro banco a completar a fase de testes junto ao Banco Central.
Menos custos
Parte do Sistema de Pagamentos Instantâneos (SPI), a projeção de aderência dos clientes pelas instituições financeiras digitais também é positiva.
Em conversa com o Diario, o CEO e cofundador da PagBrasil, Ralf Germer, define que o Pix Automático "tem tudo para ser um divisor de águas nos pagamentos recorrentes e impulsionar um verdadeiro boom no mercado de assinaturas, que já movimenta cerca de R$ 1 bilhão por ano no Brasil". A fintech gaúcha é especializada em pagamentos para e-commerce, e têm escritórios em Porto Alegre, São Paulo, Barcelona e Singapura.
Já no mapeamento inicial do Banco do Brasil, mais de 1 milhão de empresas são potenciais para uso da solução, o que pode ainda ser potencializado por demais modelos de negócios de recorrência não atendidos pelos métodos tradicionais.
Além da praticidade para pagadores e recebedores, há também a redução de custos.
Apenas no ano de 2023, o custo de processamento com cartões, incluindo crédito, débito e pré-pago, ultrapassou R$ 70 bilhões no Brasil, sem considerar no cálculo custos de antecipação e outras taxas cobradas pelos adquirentes aos comércios.
Assim, o Pix surge como uma alternativa muito mais econômica já que, em média, uma transação via cartão de crédito pode custar até 14 vezes mais do que uma via Pix.
Para o consumidor, é ainda mais vantajoso, pois o Pix não tem taxas. Micro Empreendedores Individuais (MEIs) e empresários individuais também não são cobrados, tanto para envio quanto para recebimento de valores.
No caso de empresas e pessoas jurídicas em geral, as instituições financeiras têm autonomia para definir tarifas, inclusive no Pix Automático, de acordo com seu modelo de negócio, volume de transações e serviços agregados, possibilitando maior competitividade e transparência nas cobranças.
Para Germer, a taxação do Pix é inviável, do ponto de vista econômico, e politicamente impopular, já que teria um impacto negativo direto na inclusão financeira que a ferramenta promoveu.

