° / °
DP +Saúde
ESTUDO

Estudo diz que microplásticos podem alterar microbioma intestinal

O microbioma engloba os genomas e as funções desses organismos, representando seu potencial e atividades

Isabel Alvarez

Publicado: 09/10/2025 às 16:30

Microplásticos /Louisa Goulamaki/AFP

Microplásticos (Louisa Goulamaki/AFP)

Segundo um novo estudo desenvolvido na Universidade Médica de Graz, na Áustria, os microplásticos, ou partículas minúsculas que prevalecem no ambiente, podem afetar a saúde intestinal. O microbioma engloba os genomas e as funções desses organismos, representando seu potencial e atividades.

Os investigadores relataram que os resultados do estudo sugerem que as pequenas partículas de plástico que entram no nosso corpo podem afetar a nossa saúde intestinal. Já os resultados da pesquisa serão apresentados ainda esta semana em Berlim, na reunião anual da United European Gastroenterology. “Aparentemente, alteram o microbioma intestinal, que é o ecossistema de bactérias, fungos e vírus que vivem no nosso aparelho digestivo e ajudam a proteger contra agentes patogênicos, estimulam o nosso sistema de imunidade e estimulam o nosso corpo a produzir vitaminas”, explicou Christian Pacher-Deutsch, principal autor do estudo.

Os cientistas da Universidade Médica de Graz criaram culturas de microbioma num laboratório e depois a expuseram a cinco tipos comuns de microplásticos em níveis que imitam a exposição humana. Os microplásticos não causaram grandes alterações na quantidade de bactérias encontradas nas culturas, entretanto registrou um declínio significativo nos níveis de pH, o que, de acordo com os investigadores, indica que houve alterações nos processos metabólicos que permitem a reprodução destes microrganismos.

“As diferenças bacterianas também variaram conforme o tipo de microplástico usado. Estas descobertas são significativas, dado que a exposição aos microplásticos é generalizada na vida cotidiana", afirmou Pacher-Deutsch.

No novo estudo, algumas das alterações induzidas pelos microplásticos nas culturas do microbioma pareciam similares a padrões associados à depressão e ao câncer colorretal. Mas, seriam necessários estudos de maior dimensão para confirmar qualquer ligação, e os investigadores ressaltando que, nas pessoas, fatores como a dieta, a resposta imunitária e outras diferenças individuais também influenciam os resultados em termos de saúde. "Apesar de ser cedo para fazer afirmações definitivas sobre a saúde, o microbioma desempenha um papel central em muitos aspectos do bem-estar, desde a digestão à saúde mental", afirmou Pacher-Deutsch.

Os investigadores ainda não sabem por que é que os microplásticos parecem modificar o microbioma, mas Pacher-Deutsch apresenta algumas teorias. Dentre elas, as partículas minúsculas podem criar ambientes físicos ou químicos que são melhores para certas bactérias do que para outras, por exemplo. Ou os químicos presentes nos microplásticos podem alterar o pH do intestino, afetando diretamente o metabolismo bacteriano, que por sua vez molda o crescimento e as reações das bactérias ao seu ambiente.

O especialista defende também que as descobertas apóiam os esforços de saúde pública de todo o mundo a reduzir a exposição das pessoas a microplásticos e a poluição por plásticos. "Diminuir a exposição à microplásticos sempre que possível é uma precaução sábia e importante", indica.

Os microplásticos têm sido encontrados em quase tudo, desde o oceano e o solo até a cerveja e os saquinhos de chá, assim como no sangue, saliva, fígados, rins e cérebros humanos. Os cientistas não sabem ao certo de que forma os microplásticos podem afetar a saúde humana, mas a exposição pode atingir os sistemas reprodutivo, cardiovascular e a imunidade.

Mais de DP +Saúde

Últimas

WhatsApp DP

Mais Lidas

WhatsApp DP

X