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Inverno de problemas para motoristas: 3 orientações para quando seu carro passar por alagamento

Durante o inverno pernambucano, os motoristas acabam enfrentando mais problemas pelas ruas e avenidas alagadas que as chuvas causam.

Igor Fonseca

Publicado: 21/06/2025 às 08:00

Chuva provocou transtornos/Nivaldo Fran/DP

Chuva provocou transtornos (Nivaldo Fran/DP)

Durante o inverno pernambucano, os motoristas enfrentam mais dificuldades nas ruas e avenidas, muitas vezes tomadas por alagamentos provocados pelas fortes chuvas da estação. E quem dirige sabe que uma enchente pode causar mais do que um simples susto.

Por isso, o DP Auto ouviu especialistas para orientar o condutor pernambucano sobre como agir durante e após uma situação de alagamento.

O que o motorista pode fazer ao passar por enchentes?

Um dos conselhos mais repetidos entre condutores em situações de alagamento é: "coloque o carro em primeira marcha e desligue o ar-condicionado". Mas será que isso realmente funciona?

Segundo Aletéia Abreu, da Maxtroc Centro Automotivo, essa técnica é eficaz, pois ajuda a evitar que o motor aspire água.

“Depende da altura da água. É ideal que o nível não passe da metade do pneu. Quando o condutor acelera e mantém a água longe do cano de escape, sem trocas de marchas ou, no caso dos automáticos, mantendo uma velocidade constante, evita-se que a água seja sugada pelo motor", explica. “Também é indicado desligar o ar-condicionado e o rádio para reduzir o consumo de energia”, completa.

Seguindo a mesma linha, o diretor de pós-venda do Grupo Parvi, Douglas Albuquerque, considera válida a orientação de manter o carro em primeira marcha.

“Mantenha a 1ª marcha de maneira contínua, pois, embora não garanta que não haverá danos, é o que reduz a probabilidade de a água ser aspirada pelo motor. Desligar o ar-condicionado ajuda a evitar que a presença de água no sistema de refrigeração cause superaquecimento. Também é recomendável evitar acelerações ou frenagens bruscas”, detalha Douglas.

Além disso, Robson Henrique, mecânico da Fiori de Afogados, orienta que a rotação do motor seja mantida entre 1.500 e 2.000 RPM.

“Para veículos com câmbio manual, a recomendação ao passar por uma enchente é manter o carro em primeira marcha, desligar o ar-condicionado e manter a rotação entre 1.500 e 2.000 giros. Já nos automáticos, o ideal é colocar o câmbio na função manual, deixar em primeira, também desligar o ar e manter essa mesma faixa de rotação”, explica o mecânico. Ele reforça que é fundamental não passar por pontos em que a água ultrapasse a metade da roda.

Douglas ainda destaca a importância de evitar frenagens bruscas após atravessar áreas alagadas.

“Após sair do trecho alagado, deve-se evitar frenagens bruscas. Isso ajuda a reduzir possíveis danos causados por atritos com dejetos e até o choque térmico em discos e pastilhas de freio, que podem causar empeno, deformações excessivas ou até trincas. Em casos mais extremos, o sistema de freios pode ser comprometido, aumentando o risco de acidentes”, ressalta.

Ou seja, passar por um alagamento exige mais do que atenção momentânea. A forma como o motorista reage durante e depois da travessia pode fazer a diferença entre um susto e um prejuízo considerável.


O que acontece com um carro ao passar por uma enchente?

Mesmo com esses cuidados, o veículo ainda pode enfrentar problemas após passar por uma enchente. Então, o que o dono do carro pode fazer para minimizar os prejuízos?

Especialistas alertam que o mais importante é não subestimar os riscos invisíveis. Mesmo que o carro pareça estar funcionando normalmente após atravessar um alagamento, danos internos e silenciosos podem surgir dias depois. Por isso, é essencial observar sinais incomuns — como barulhos diferentes ou luzes acesas no painel — e levar o veículo a uma oficina de confiança o quanto antes.

Douglas Albuquerque reforça que, mesmo que o carro esteja aparentemente em boas condições, é altamente recomendável fazer uma revisão completa após passar por alagamentos mais severos.

Douglas e Aletéia também explicam sobre um dos maiores problemas causados pela água: o calço hidráulico.

Segundo Douglas, o sistema de admissão — responsável por captar, filtrar e direcionar o ar para o interior do motor — pode ser severamente afetado.

“Se a água for aspirada pelo filtro de ar e entrar pelo duto de admissão, pode ocorrer o calço hidráulico, que trava o motor”, alerta.

Aletéia complementa:

“Como os motores a combustão têm uma relação precisa entre ar, óleo e combustível, o maior risco ao transitar em vias alagadas é a aspiração de água, gerando o calço hidráulico. Componentes como o eletroventilador do motor também tendem a não suportar o peso da água”, pontua.

Esse excesso de água em partes internas do carro — como motor e sistema de ar-condicionado — pode afetar também a saúde dos ocupantes. Aletéia alerta que o encharcamento dos carpetes favorece a proliferação de ácaros e bactérias, gerando mau cheiro e problemas respiratórios dentro do veículo.


Quais barulhos específicos o dono do carro deve ficar atento a ouvir?

Ouvir o carro é essencial. Sons incomuns podem ser o primeiro alerta de que algo não vai bem.

Para o mecânico Robson Henrique, o cuidado com barulhos e alertas no painel faz toda a diferença:

“Pode começar com ruídos simples, como placas soltas batendo, até anormalidades no funcionamento do motor, caso haja entrada de água. Além disso, devido ao tempo que o veículo ficou abaixo do nível da água, é comum ocorrer oxidação em partes elétricas, chicotes, conectores e até nas centrais eletrônicas”, explica.

Já Douglas Douglas Albuquerque citou alguns barulhos que incluem:

  • Rangidos ou ruídos metálicos na parte inferior dianteira (desgaste ou contaminação de freios);]
  • Zumbido constante ou som de arrasto (água nos rolamentos, que perdem lubrificação e se desgastam);
  • Assobios, goteiras ou estalos internos (indício de infiltração e falhas de vedação);
  • Rangidos no sistema de suspensão e barra estabilizadora;
  • Oscilações na rotação do motor (podem indicar falhas em sensores ou injeção eletrônica comprometida).
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