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As vindas de Cristo

Alceu Valença, na música "Anunciação", expressou muito bem o sentimento que a fé cristã procura experimentar durante o tempo litúrgico do Advento

Pe. Delmar Cardoso

Publicado: 03/12/2025 às 10:42

A própria liturgia sugere que são três as vindas de Cristo que o tempo do Advento nos quer recordar/Foto: jcomp/freepik

A própria liturgia sugere que são três as vindas de Cristo que o tempo do Advento nos quer recordar (Foto: jcomp/freepik)

Pe. Delmar Cardoso, S.J.*

Alceu Valença, na música “Anunciação”, expressou muito bem o sentimento que a fé cristã procura experimentar durante o tempo litúrgico do Advento, quando nos faz cantar: “Tu vens, tu vens... Eu já escuto os teus sinais”.

Sim, o Advento tem quatro domingos e se mostra como o tempo em que os fiéis cristãos elevam a Deus um clamor como aquele contido nos últimos dois versículos da Bíblia Sagrada: “Aquele que dá testemunho destas coisas diz: ‘Sim, eu venho em breve’. Amém! Vem, Senhor Jesus! A graça do Senhor Jesus esteja com todos” (Ap 22,20-21).

A própria liturgia sugere que são três as vindas de Cristo que o tempo do Advento nos quer recordar. A primeira vinda é aquela em que ele, “revestido de nossa fragilidade, veio a primeira vez para realizar seu eterno plano de amor e abrir-nos o caminho da salvação” (Prefácio do Advento I). Trata-se do Natal, no qual celebramos o mistério da encarnação do Filho de Deus.

Mas a fé cristã nos faz afirmar também que haverá a segunda vinda do Senhor Jesus, no final dos tempos: “Revestido de sua glória, ele virá uma segunda vez, para conceder-nos em plenitude os dons prometidos que hoje vigilantes esperamos” (Prefácio do Advento I).

Há ainda uma terceira e cotidiana vinda de Cristo, pois a liturgia assim reza: “Agora e em todos os tempos, ele (o Cristo) vem ao nosso encontro, presente em cada pessoa humana, para que o acolhamos na fé e o testemunhemos na caridade” (Prefácio do Advento IA).

Apesar de ter a mesma cor litúrgica da Quaresma — o roxo —, o Advento não tem a mesma conotação penitencial. Aliás, o Advento é tempo de esperar com alegria o Salvador que vem. É verdade que, durante esse tempo, não se canta a grande expressão litúrgica da alegria, o canto do Glória. Mas sua ausência se deve à espera pela noite de Natal, quando será proclamado o Evangelho segundo Lucas, no qual os anjos louvam a Deus diante dos pastores de Belém: “Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens por ele amados” (Lc 2,14).

Nos dois primeiros domingos, o Advento acentua a segunda vinda de Cristo, que se dará no final da história, mas também na morte individual de cada fiel cristão. Mesmo nesses casos, a atitude da pessoa de fé não é o medo, mas a preparação e a confiança de que o Senhor vem para salvar.

Os dois últimos domingos — o terceiro e o quarto — destacam especialmente os papéis de João Batista e da Virgem Maria, pois Cristo foi “aquele que os profetas predisseram, a Virgem esperou com amor de mãe, João Batista anunciou estar próximo e mostrou presente no mundo” (Prefácio do Advento II).

Os dias 17 a 23 de dezembro constituem o período de preparação próxima para o Natal. Nesses dias, a liturgia apresenta as famosas sete antífonas do Ó, próprias da oração vespertina do Magnificat. Elas também são usadas na aclamação ao Evangelho (exceto no domingo). Eis o início de cada uma:

Ó Sabedoria do Altíssimo

Ó Adonai, guia da casa de Israel

Ó Raiz de Jessé

Ó Chave de Davi

Ó Sol nascente

Ó Rei das nações

Ó Emanuel

*Professor de Filosofia, reitor do Santuário N. Sra. de Fátima e vice-reitor da Unicap.

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