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Lamento Rubro-Negro

Após cinco décadas de vida, há uma dúvida que ainda me persegue, quase um mistério insondável, daqueles que não se consegue desvendar

Ana Isabel Koury

Publicado: 18/11/2025 às 11:57

 São Lourenço da Mata, PE, 15/11/2025 - SPORT FLAMENGO - Na noite deste sábado(15), a equipe do Sport recebeu a equipe do Flamengo pelo Campeonato Brasileiro da Serie A 2025 na Arena de Pernambuco. Lucas Kal/ Rafael Vieira

São Lourenço da Mata, PE, 15/11/2025 - SPORT FLAMENGO - Na noite deste sábado(15), a equipe do Sport recebeu a equipe do Flamengo pelo Campeonato Brasileiro da Serie A 2025 na Arena de Pernambuco. Lucas Kal ( Rafael Vieira)

Após cinco décadas de vida, há uma dúvida que ainda me persegue, quase um mistério insondável, daqueles que não se consegue desvendar, por maior que seja o empenho com que se dedique à missão de trazer luz à questão: a paixão por um time de futebol. Confesso que não sei se é algo que já faz parte do nosso código genético, contra o qual não há nada que se possa fazer, ou se é uma característica transmitida por algum incauto amante das quatro linhas, que exerce tão nefasta influência sobre o nosso destino, a ponto de nos fazer escolher um pavilhão de cores definidas e seguir fiel a esta bandeira ao longo de toda uma vida, atribuindo às façanhas dos jogadores muitas de nossas grandes emoções, alternando entre risos e lágrimas, a depender da sorte da pelota.


Quem frequenta um campo de futebol, já viu, e não poucas vezes, um mesmo jogador ir de algoz a herói em uma única partida, a depender do sucesso das suas jogadas. Da mesma forma, abraçou-se com ilustres desconhecidos para comemorar a alegria de um gol ou se uniu ao coro de indignados torcedores para xingar um jogador “perna de pau” ou a pobre a mãe do juiz, que, mesmo sem ter qualquer culpa pelas infelizes decisões da arbitragem, é condenada, sem qualquer direito à defesa, a sofrer o ódio eterno da torcida pelos erros da criatura que trouxe ao mundo, porque, em se tratando de futebol, não vale a máxima do direito segundo a qual a pena não pode passar da figura do contraventor.


Pois bem, decidi escrever estas mal traçadas linhas ao ver o meu glorioso Sport Club do Recife sofrer mais uma humilhante derrota neste campeonato da Série A do ano de 2025, que insiste em não se acabar.


É que esta derrota calou mais fundo do que as goleadas sofridas nas últimas partidas, porque aquele que verdadeiramente ama o rubro-negro pernambucano sabe o quão difícil é ter seu rebaixamento decretado pelo seu maior rival e ainda ter que ouvir a torcida adversária entoar a plenos pulmões “Mengo, Mengo”, tudo isso após a vergonhosa venda do mando de campo pela atual diretoria, apequinando de vez o nosso Sport Club do Recife.


E a nós, torcedores, cabe apenas calar e fingir indiferença, quando, por dentro, impera o sentimento de revolta contra todos aqueles, dirigentes e jogadores, que nos fizeram passar pela maior vergonha já enfrentada por essa apaixonada torcida ao longo de um único ano: eliminação da Copa do Brasil (da qual já fomos campeões), na primeira rodada, jogando sem nenhuma vontade, como se o time estivesse em um treino e achasse que a qualquer momento iria fazer o gol que eliminaria o adversário de pouca tradição futebolística. Eliminação da Copa do Nordeste, jogando em casa, com a Ilha do Retiro lotada, para outro grande rival, o Ceará, com direito a cobranças de pênaltis tão bisonhas que não há sequer como descrever a façanha dos jogadores. Perder para o Retrô, na final do Campeonato Pernambucano, obtendo o título em uma decisão por pênaltis, sem qualquer honra ou glória. E, por fim, permanecer na lanterna do Campeonato Brasileiro praticamente desde a primeira rodada, culminando com seu precoce rebaixamento para a Série B, num ano em que os seus arquirrivais, Santa Cruz e Náutico, com investimentos incomparavelmente menores, conseguiram alcançar seus principais objetivos, que foram os acessos às Séries C e B, respectivamente.


É certo que, em outras edições do Campeonato Brasileiro, já vimos o Sport ser rebaixado, mas nunca desta forma: sem luta, sem brio, sem vontade, e, principalmente, sem querer competir. E é este aspecto que causa maior indignação e revolta, porque, nas outras ocasiões em que fomos “brindados” com o rebaixamento, o time lutou até a última rodada, ocorrendo o decesso, no mais das vezes, por um ponto apenas, o que, de certa forma, trazia um alento mesmo diante do insucesso.


A campanha deste ano foi diferente, porque só trouxe tristeza, vergonha e humilhação, sentimentos que não se coadunam com a história de luta e glória do Sport Club do Recife/PE.


Consumado o tão anunciado rebaixamento, resta a nós, torcedores, esperar que esta desastrosa administração, sob o comando do Sr. Yuri Romão, tome a única atitude digna, que é a de passar o bastão para alguém que, de fato, ame o clube e tenha a competência necessária para nos retirar de tão degradante situação, para que só assim possamos sonhar com dias melhores e, quem sabe, garantir às futuras gerações de rubro-negros as mesmas felizes memórias de tempos idos, em que o Sport Club do Recife enfrentava, de igual para igual, todos os seus adversários na “Bombonilha”.

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