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Rede de Apoio para Mães de Filhos Atípicos

A maior parte dos cuidadores de crianças atípicas são mulheres — especialmente as mães

Sérgio Ricardo Araújo Rodrigues

Publicado: 24/10/2025 às 09:29

A maior parte dos cuidadores de crianças atípicas são mulheres /Foto: freepik

A maior parte dos cuidadores de crianças atípicas são mulheres (Foto: freepik)

A maior parte dos cuidadores de crianças atípicas são mulheres — especialmente as mães. Essa realidade é observada em diversos estudos e contextos sociais, e tem implicações profundas na saúde física, emocional e econômica dessas mulheres.


Em muitas sociedades, o papel de cuidadora é atribuído às mulheres, reforçando a ideia de que elas devem assumir a responsabilidade pelo cuidado dos filhos, especialmente quando há demandas especiais.
A ausência de suporte governamental adequado faz com que o cuidado recaia quase exclusivamente sobre a família — e dentro dela, sobre a mãe.


Mesmo em famílias com dois responsáveis, é comum que o pai continue trabalhando fora enquanto a mãe reduz ou abandona sua carreira para cuidar da criança.


Impactos sobre essas mulheres
•Saúde mental: Altos índices de ansiedade, depressão e exaustão emocional.
•Isolamento social: Dificuldade de manter vínculos e atividades fora do ambiente doméstico.
•Prejuízo financeiro: Muitas mães deixam de trabalhar ou enfrentam dificuldades para conciliar emprego e cuidados.
•Identidade apagada: Algumas relatam que deixam de se reconhecer como mulheres além do papel de mãe/cuidadora.


A rede de apoio é essencial para mães de filhos atípicos, pois oferece suporte emocional, prático e informativo que ajuda a enfrentar os desafios diários com mais segurança e acolhimento.


Mães de crianças com desenvolvimento atípico — como aquelas com deficiência física, intelectual, ou transtornos do espectro autista — enfrentam uma rotina intensa, marcada por consultas médicas, terapias, adaptações escolares e, muitas vezes, preconceito social. Nesse cenário, uma rede de apoio sólida pode transformar a experiência da maternidade atípica, promovendo bem-estar e fortalecendo vínculos familiares e comunitários.


A rede de apoio traz benefícios de longo prazo, tais como:


•Suporte emocional contínuo: Compartilhar experiências com outras mães que vivem situações semelhantes reduz o sentimento de isolamento e promove acolhimento.
•Troca de informações confiáveis: A rede ajuda a disseminar conhecimento sobre diagnósticos, tratamentos, direitos legais e recursos disponíveis.
•Auxílio prático no cotidiano: Familiares, amigos e profissionais podem colaborar com tarefas diárias, como transporte para terapias ou cuidados com outros filhos.
•Fortalecimento da autoestima materna: Sentir-se compreendida e valorizada contribui para que a mãe se reconheça como capaz e resiliente.


•Promoção da inclusão social: A rede pode atuar como ponte entre a família e a comunidade, incentivando ambientes mais inclusivos e respeitosos.


A rede de apoio não substitui o acompanhamento médico ou terapêutico, mas complementa o cuidado com afeto, empatia e solidariedade. Para muitas mães, ela é o alicerce que sustenta a jornada atípica com mais leveza e esperança.


Em Pernambuco temos um excelente trabalho realizado nestes sentido pela REDE MIRA.
A Rede Mira – Mulheres e Identidades Restauradas por Apoio nasceu com a proposta de responder à pergunta: “Quem cuida de quem cuida?”.


Fundada por Sâmia Lacerda, a iniciativa atua na Região Metropolitana do Recife e tem como objetivo principal acolher mães atípicas, ou seja, aquelas que cuidam de filhos com deficiências ou condições de desenvolvimento não típicas.


Principais ações da Rede Mira


•Rodas de escuta com psicólogos e terapeutas comunitárias: Espaços seguros para que as mães compartilhem suas vivências, dores e conquistas.
•Promoção da saúde mental: Incentivo ao autocuidado, à autoestima e à reconexão com a própria identidade feminina.
•Fomento ao empreendedorismo: Apoio para que essas mulheres desenvolvam atividades econômicas adaptadas à sua realidade.
Segundo Sâmia Lacerda, muitas mães atípicas deixam de cuidar de si mesmas por culpa ou sobrecarga. A Rede Mira ajuda essas mulheres a se enxergarem novamente como indivíduos, além de mães, promovendo bem-estar físico, emocional e social.
Precisamos apoiar essas iniciativas e apoiar quem tanto dá apoio.


Sérgio Ricardo Araújo Rodrigues. Advogado e Professor Universitário.

 

 

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