De Edmund Husserl, Heidegger, Ubirajara Carneiro da Cunha e Everardo Norões
Compartilho com o leitor breves impressões de leitura, a começar pelo livro "A Ideia de Fenomenologia", que acaba de sair em nova edição
Publicado: 13/10/2025 às 10:09

Compartilho com o leitor breves impressões de leitura, a começar pelo livro "A Ideia de Fenomenologia", que acaba de sair em nova edição (Editora Vozes) (Foto: Freepik)
Compartilho com o leitor breves impressões de leitura, a começar pelo livro “A Ideia de Fenomenologia”, que acaba de sair em nova edição (Editora Vozes). Trata-se de uma obra filosófica monumental, em um campo altamente complexo do saber, com apenas 80 páginas, de Edmund Husserl — de quem Martin Heidegger tanto devia, como aluno —, voltada para o “ser na existência”. O método filosófico rigoroso do autor, de obstinada e complexa realização, busca descrever os fenômenos e como eles se apresentam à consciência.
Uma grata surpresa — indicação que faço aos estudiosos da obra monumental de Martin Heidegger — “A História da Metafísica como Esquecimento do Ser”, tese de mestrado do pernambucano de Vitória de Santo Antão, Ubirajara Joaquim Carneiro da Cunha Júnior. Dirigente de faculdade, ele tem se dedicado às mesmas investigações temáticas de seu pai, também profundo conhecedor da obra do filósofo alemão, não apenas na tradução em nosso idioma.
Esse trabalho, aprovado com louvor pelo Programa de Pós-Graduação em Filosofia (Mestrado em Filosofia) da Universidade Católica de Pernambuco, investiga o fenômeno do esquecimento do Ser na tradição filosófica ocidental, com ênfase na complexa análise de Martin Heidegger. “A problemática central aborda a tentativa dessa tradição de suprimir a distinção crucial entre o Ser e os entes, desviando-se do pensamento autêntico do Ser para uma reflexão centrada nos entes.” Destaca ainda “a transmissão desse esquecimento desde os pré-socráticos até filósofos como Nietzsche, identificando Leibniz como um pensador que tocou na essência do Ser, mas cuja indagação, embora acertada, não foi capaz de reorientar a filosofia.” O objetivo, segundo Ubirajara Júnior, consiste em examinar o pensamento de Heidegger, destacando sua demarcação e originalidade em relação aos filósofos precedentes, e ressaltando suas contribuições à contemporaneidade. “A metodologia empregada envolveu a definição do escopo, centralizando a análise nas perspectivas filosóficas de Heidegger, desde o século VI a.C. até os dias atuais.” Tenho para mim que esse jovem estudioso de Heidegger terá justo e merecido reconhecimento da comunidade filosófica — não apenas no Recife.
Leio em Everardo Norões, contista notável e um dos melhores de sua geração pernambucana: “Fez um gesto de doma, de quando é preciso que a corda enrosque o potro no tronco e o relho o envergue”. (...) Lembrei o pai recitando Dante às cartas do baralho. O Rei de Ouro engolindo casas, fazendas. Tudo se esvaindo nas águas negras que deixara para trás. (...) E o rio, descendo manso. Devorando suas próprias margens. (Garrafas que Sonham Macacos, p. 122. Editora Cepe).
Marcus Prado*
Jornalista

