Data 13: Arraes e Eduardo
Numa data como a de hoje, 13 de agosto, Pernambuco perdeu, em anos diferentes, dois dos maiores líderes da história política do estado: Miguel Arraes e Eduardo Campos
Publicado: 13/08/2025 às 09:17

Eduardo e Arraes passaram por caminhos similares (Foto: Arquivo DP)
Numa data como a de hoje, 13 de agosto, Pernambuco perdeu, em anos diferentes, dois dos maiores líderes da história política do estado: Miguel Arraes e Eduardo Campos. Os dois juntos, avô e neto, governaram Pernambuco por cinco mandatos em tempos distintos.
Suas obras ficaram para sempre impregnadas na mente da população, independentemente de tendências ideológicas ou partidárias.
Miguel Arraes governou Pernambuco por três mandatos. No primeiro, interrompido pelo golpe militar de 1964, Arraes foi deposto, preso e exilado porque não aceitou a proposta dos militares para renunciar em troca da liberdade. Amargou um longo exílio de 14 anos, na Argélia, ao lado da família. Voltou com a anistia de 1979 e foi mais duas vezes governador e 3 vezes deputado federal.
Nos seus três mandatos de governador, Arraes levou energia elétrica para milhares de família de agricultores de todas as regiões do estado que nunca tinham tido luz em casa, abriu linha de crédito agrícola para esses pequenos produtores rurais e implantou para eles um programa de irrigação. Na zona canavieira, Arraes conseguiu juntar numa mesa de negociação camponeses e usineiros. Nascia aí o Acordo do Campo, um programa que distensionou a relação entre patrões e empregados e os direitos da categoria passaram a ser cumpridos e respeitados: carteira assinada, salário regular, férias e 13°.
Criou o “Chapéu de Palha” - um programa que dá trabalho e renda para os canavieiros na entressafra da cana-de-açúcar, quando os camponeses ficam desempregados. Miguel Arraes morreu no dia 13 de agosto de 2005, aos 88 anos, depois de passar quase 2 meses internado para tratamento de uma infeção.
Nos seus dois mandatos como governador de Pernambuco, Eduardo Campos construiu três hospitais de grande porte: Dom Helder Camara, no Cabo de Santo Agostinho, Pelópidas Silveira, no Recife, e o Miguel Arraes, em Paulista. E construiu também 12 UPAs e 9 UPAEs.
No começo do seu primeiro governo, quando o Hospital de Câncer de Pernambuco estava sucateado, endividado e prestes a fechar suas portas, Eduardo determinou uma intervenção. As finanças foram equilibradas, novos equipamentos foram adquiridos e um prédio novo foi construído para dar suporte à antiga estrutura do HCP, que voltou a prestar serviço de qualidade à população pernambucana. Cuidou pessoalmente da política de combate à violência ao implantar o Pacto pela Vida, reformou e construiu unidades escolares e implantou as escolas de tempo integral. Eduardo também ficou orgulhoso ao ver funcionando um dos programas mais inclusivos da história da educação pública em Pernambuco e criado no seu governo, o “Ganhe o Mundo” – que leva estudantes do ensino médio das escolas publicas do estado para estudar de graça no exterior durante 12 meses e com ajuda de custo, façanha que quase nenhum pai de família de classe média consegue fazer. Eduardo também trabalhou incansavelmente para ver funcionando a Refinaria Abreu e Lima e incentivou a instalação de novas fábricas em Suape, no litoral sul. Mas teve também habilidade política para redirecionar a expansão industrial para o litoral norte, Agreste e Sertão. Foi Eduardo quem conseguiu também trazer a fábrica da Jeep para Pernambuco (Goiana).
Eduardo Campos teve a vida interrompida tragicamente, aos 49 anos, num acidente de avião, em Santos, São Paulo, no dia 13 de agosto de 2014, no auge da sua carreira política, quando tentava realizar o sonho de ser presidente da República. Deixou no ar uma frase marcante ao participar de sua última entrevista ao vivo no Jornal Nacional, da TV Globo, na noite anterior ao acidente: “Não vamos desistir do Brasil!”.

