Da banda, do acervo, dos ensaios e etc.
Vladimir Souza Carvalho
Membro das Academias Sergipana e Itabaianense de Letras
Publicado: 26/07/2025 às 00:00

Maria Eduarda, Paulo Vinicius, Alana Vitorio, Ariel Rodrigues prontos para cantar o hino nacional (Paulo Paiva/DP/D.A.Press)
O acervo era grande, acúmulo de várias décadas, e, aliás, ressalte-se, de dobrados e marchas que escaparam do cupim e da negligência de alguns. Contudo, o repertório, nos dias de ensaio, às terças e quintas, era pequeno e repetitivo. Frederico Sampaio, 220, General Osório, Batista de Melo, entre os poucos que me vêm à mente. Durante algum período, por força da banda se apresentar em solenidades, para que todos os componentes ganhassem intimidade, abria-se e fechava-se o ensaio com o Hino Nacional. Não demorou muito tempo, ante a ordem oriunda do Aracaju, não sei se do 28 BC, ou do SNI, o Hino Nacional deixou de fazer parte dos ensaios. Ordem é ordem e o maestro Antonio Melo não se sentia disposto a discutir, nem discutiu.
Continuamos os ensaios, com os dobrados de sempre, que já não reclamavam o acompanhamento da partitura, por que todos já os conheciam do pé a cabeça, embora as partituras fossem colocadas na estante de cada um, de acordo com o instrumento, tão logo um era executado. Quando toquei trompa, fiquei no meio, entre Arnaldo Silva, na primeira trompa, e seu Justino, na tuba. No banco do meio, Joel, trombone; Adelson, barítono; Jadiel e Fontes, trompete. No banco da frente, Pedro funileiro, clarinete; Evilásio e seu Néu, sax alto. A pancadaria ficava atrás e de lado, com Eliseu (bombo), Nelson Tocha (prato), Olimpo marceneiro (caixa) e Toinho Macaco (tambor). Antonio Melo, de sax tenor, o óculos no ponto do nariz, a comandar o ensaio. Não me lembro de ninguém tocando bombardino.
Ao deixar a trompa pelo trompete, passei para o do meio, até não mais integrar a banda. Hoje, cinquenta e sete anos depois, de todos, apenas três estão vivos: eu, Adelson, que não sei se ainda toca, e Fontes, que tenho certeza que não. Eu voltei a mexer com a música, desta vez tendo o sax soprano como instrumento e os de casa e vizinhos como vítimas. Já arranho alguns boleros, o que me entusiasma a continuar. Domino a escala, de cima para baixo e vice-versa, com sustenido e com bemol. Por ora, não aceito convites para nenhum show (risos). A única oposição em casa é de Tobias, o buldogue, que reclama dos treinos no meu próprio território. Não levo a sério e ele se retira. Tinha graça! Receber ordem de Tobias no meu terreiro? Nunca.

