A Inteligência Artificial a serviço da investigação policial em Pernambuco: rumo à Delegacia 5.0
Thiago Uchôa
Delegado de Polícia Civil e diretor de tecnologia da Polícia Civil de Pernambuco
Publicado: 10/07/2025 às 00:00

(Foto: Divulgação/SDS)
A paisagem da segurança pública está em constante evolução, e a Polícia Civil de Pernambuco, atenta a esses novos desafios, abraça a Inteligência Artificial (IA) não apenas como uma ferramenta, mas como um pilar fundamental para revolucionar a investigação policial.
Essa jornada, que nos coloca no caminho da vanguarda tecnológica do combate ao crime no Brasil, é um reflexo do compromisso da instituição com a eficiência e a justiça, um movimento decisivo impulsionado pela visão estratégica da nossa Delegacia Geral.
Foi sob a liderança incisiva do delegado-geral Renato Rocha que a Polícia Civil de Pernambuco deu o passo audacioso de criar o grupo de trabalho da “Delegacia 5.0”.
A missão é clara: desbravar o caminho das inovações tecnológicas para a investigação policial, garantindo que nossas forças estejam sempre um passo à frente da criminalidade. Essa iniciativa, que partiu de um convite à reflexão sobre o futuro da nossa atuação, representa um divisor de águas na busca por uma polícia mais eficaz e responsiva. A IA, nesse contexto, não é um substituto da inteligência humana, mas a sua mais potente aliada, prometendo transformar a forma como desvendamos crimes e garantimos a aplicação da lei.
Nossa preparação para essa nova era digital começou com um investimento vital: a capacitação do nosso pessoal. Ao longo do primeiro semestre de 2025, uma série de workshops e webinários sobre Inteligência Artificial foram realizados. E, nesse ponto, é fundamental destacar o papel do professor Álvaro Pinheiro, servidor de carreira da Agência de Tecnologia da Informação (ATI), que foi convidado para ser o primeiro especialista a despertar o interesse e a curiosidade sobre a IA entre os nossos servidores. Seu conhecimento e didática foram cruciais para desmistificar essa poderosa ferramenta e mostrar o imenso potencial de uso no dia a dia da investigação. Afinal, para que as ferramentas de ponta atinjam seu pleno potencial, é preciso que a mente humana esteja preparada para explorá-las.
Simultaneamente, a infraestrutura tecnológica está sendo meticulosamente fortalecida. A aquisição de servidores hiperconvergentes já é uma realidade, estabelecendo a base robusta necessária para processar os volumes gigantescos de dados que a IA manipula. Além disso, processos para a compra de equipamentos de ponta, como workstations, estão em andamento, garantindo que nossos investigadores terão em suas mãos as ferramentas mais avançadas para atuar.
Um dos projetos mais ambiciosos e estratégicos que desenhamos é o processo para a contratação do desenvolvimento de uma solução integrada de sistemas com uma inteligência artificial embarcada. Imagine um sistema que centraliza informações dispersas, analisa padrões complexos, cruza dados de múltiplas fontes e, em questão de segundos, auxilia o investigador na identificação de suspeitos, na reconstrução minuciosa de cenas de crime e até mesmo na previsão de atividades criminosas. Isso é o que a IA promete. Ela nos permitirá focar na análise estratégica e na tomada de decisões cruciais, enquanto a inteligência artificial se encarrega da triagem exaustiva de dados e da identificação de padrões que, de outra forma, levariam dias ou semanas de trabalho humano intensivo.
Os benefícios que vislumbramos com a incorporação da IA na investigação policial são vastos e impactantes. Destaco a agilidade sem precedentes e a consequente redução do tempo de investigação, acelerando a identificação de pistas e a elucidação de crimes. Haverá um aumento notável na eficiência e precisão, minimizando erros e fornecendo insights valiosos. A otimização de recursos permitirá que nossos policiais dediquem seu tempo e expertise a tarefas mais complexas e estratégicas. Além disso, a IA será fundamental na identificação de conexões criminosas que passariam despercebidas, revelando redes e modus operandi complexos. E, com o amadurecimento dos dados, vislumbramos a análise preditiva, auxiliando na identificação de áreas de maior risco ou na previsão de tipos de crimes, permitindo ações preventivas e proativas.
Para que tudo isso se torne realidade, as parcerias estratégicas com a Secretaria de Ciência e Tecnologia e a Secretaria Executiva de Transformação Digital são mais do que cruciais; são simbióticas. Ao unirmos forças com especialistas em tecnologia e em transformação digital, garantimos que as soluções desenvolvidas sejam as mais modernas, eficazes e, acima de tudo, que sirvam diretamente à sociedade pernambucana.
A Polícia Civil de Pernambuco, sob a liderança da Delegacia Geral e com o apoio de nossa Diretoria de Tecnologia, está firmemente comprometida com essa revolução. Estamos construindo uma instituição mais inteligente, mais eficaz e mais preparada para os desafios do século 21.
A Inteligência Artificial é, sem dúvida, o grande diferencial para combater o crime e garantir mais segurança aos cidadãos de Pernambuco.

