COLUNA

Por que a Selic caiu menos?

O Comitê de Política Monetária do Banco Central (COPOM) diminuiu ritmo de corte de juros, reduzindo a Selic em 0,25 p.p. para 10,50%
Por: Ecio Costa

Publicado em: 13/05/2024 10:14

O Comitê de Política Monetária do Banco Central (COPOM) diminuiu ritmo de corte de juros, reduzindo a Selic em 0,25 p.p. para 10,50%. A decisão contrariou o forward guidance anunciado na última reunião do comitê, em março, quando houve redução da Selic em 0,50 p.p. para 10,75% e o COPOM comunicou que a próxima reunião teria a última redução programada nesse patamar.

O COPOM vinha diminuindo a Selic em 0,50 p.p. há 6 reuniões seguidas, desde agosto de 2023. A redução no ritmo de queda da Selic não foi decidida por unanimidade, mas sim por margem de somente um voto de diferença, 5x4 a favor de uma redução de 0,25 p.p., onde todos que votaram a favor de uma redução maior são diretores escolhidos pelo Governo Lula.

Segundo o comunicado divulgado junto com a decisão, a mudança na meta fiscal foi o principal fator na decisão de menor redução da Selic para preservar a política monetária. Além disso, no cenário externo, a manutenção dos juros altos nos EUA e a contínua pressão inflacionária também pesaram. Leia os trechos do comunicado divulgado a seguir:

“O Comitê acompanhou com atenção os desenvolvimentos recentes da política fiscal e seus impactos sobre a política monetária. O Comitê reafirma que uma política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida contribui para a ancoragem das expectativas de inflação e para a redução dos prêmios de risco dos ativos financeiros, consequentemente impactando a política monetária.”

“O ambiente externo mostra-se mais adverso, em função da incerteza elevada e persistente referente ao início da flexibilização de política monetária nos Estados Unidos e à velocidade com que se observará a queda da inflação de forma sustentada em diversos países.”

O resultado traz impactos na trajetória da Selic em 2024 e deve trazer revisões no crescimento do PIB ainda nesse ano e, com mais força, em 2025. A partir de agora, não há mais forward guidance e novas reduções de igual valor podem acontecer, mas vai depender muito da questão fiscal no Brasil e do início do processo de redução de juros nos EUA.

A previsão de início de redução de juros nos EUA vem sendo adiada. As apostas agora são para um início de redução lento no segundo semestre. Aqui no Brasil, a mudança na presidência do Banco Central pode alterar o peso da balança no processo decisório das reuniões do COPOM, o que também pode trazer maior ritmo de redução dos juros.