COLUNA

Onde estão os analfabetos do Brasil?

Taxa de analfabetismo no Brasil caiu de 9,6% para 7,0% em 12 anos, mas as desigualdades ainda existem, apesar de também terem diminuído ao longo do tempo
Por: Ecio Costa

Publicado em: 20/05/2024 10:16

O Censo de 2022, realizado pelo IBGE, trouxe mais uma constatação importante: a taxa de analfabetismo caiu de 9,6% para 7,0% em 12 anos, mas as desigualdades ainda existem, apesar de também terem diminuído ao longo do tempo. O analfabetismo atinge o país de maneira desigual. A taxa sofre influência de raça, idade e região. 

De acordo com o Censo, em 2022, havia, no país, 163 milhões de pessoas de 15 anos ou mais de idade, das quais 151,5 milhões sabiam ler e escrever e 11,4 milhões não sabiam. Ou seja, a taxa de alfabetização foi 93,0% em 2022 e a taxa de analfabetismo foi 7,0% deste contingente populacional. Em 2000, a taxa de analfabetismo era de 13,6%, depois passou para 9,6% em 2010 e, agora, diminuiu para 7,0%.

Os grupos de idade de 15 a 19 anos e de 20 a 24 anos têm as menores taxas de analfabetismo (1,5%) e o de 65 anos ou mais, a maior taxa (20,3%). Porém o grupo de idosos teve a maior queda em duas décadas, passando de 38,0% em 2000, para 29,4% em 2010 e 20,3% em 2022, redução de 17,7 p.p. (queda de 46,7%). As novas gerações têm um ritmo de alfabetização alto.

As taxas de analfabetismo de pretos (10,1%) e pardos (8,8%) são mais do dobro da taxa dos brancos (4,3%). Para cor ou raça indígena (16,1%), é quase quatro vezes maior. A distância entre a população branca e as populações preta, parda e indígena era maior em 2010 (8,5; 7; e, 17,4 p.p), caindo para 5,8; 4,5; e, 11,7 p.p. em 2022.

Os 1.366 municípios entre 10.001 e 20.000 habitantes apresentaram a maior taxa média de analfabetismo (13,6%), mais de quatro vezes a taxa dos 41 municípios acima de 500.000 habitantes (3,2%). Por unidade da federação, as maiores taxas de alfabetização foram registradas em Santa Catarina (97,3%) e no Distrito Federal (97,2%), e as menores, em Alagoas (82,3%) e no Piauí (com 82,8%). Pernambuco tem 86,6% e aparece com a 8ª maior taxa de analfabetismo (13,4%).

Apesar do aumento de 80,9% em 2010 para 85,8% em 2022, a taxa de alfabetização da região Nordeste permaneceu a mais baixa. Sul e Sudeste têm taxas de alfabetização acima de 96%. A taxa de analfabetismo do Nordeste (14,2%) permanece o dobro da média nacional (7,0%). Em 2010, as taxas eram, respectivamente, de 19,1% e 9,6%. As taxas de analfabetismo do Norte e do Nordeste tinham, em 2022, valores acima de 2% desde o primeiro grupo de idade. No Centro-Oeste, isso ocorreu a partir de 35 a 44 anos e para no Sul e Sudeste apenas a partir de 45 a 54 anos.  

Os resultados apresentam o direcionamento que as políticas de redução do analfabetismo devem seguir. As populações de cores preta, parda e indígena das pequenas cidades nos interiores do Nordeste devem ser alvo de políticas específicas para acelerar essa diminuição. Os mais jovens já são contemplados em sua maioria, mas o esforço continua sendo nas gerações mais idosas, que não foram educadas no passado.