COLUNA

Brasil amplia entrada de Investimento Estrangeiro Direto

Saldo positivo de março e do trimestre ajudaram a contrabalancear o aumento do saldo negativo do Balanço de Transações Correntes do país com o resto do mundo
Por: Ecio Costa

Publicado em: 06/05/2024 10:08

Brasil fechou março com maior Investimento Estrangeiro Direto (IED) desde 2012, US$ 9,6 bilhões, segundo o Banco Central. No trimestre, o acumulado representou o maior IED desde 2017, US$ 23,3 bilhões. Em 2023, o país foi o 2º maior receptor, com US$ 64 bilhões, somente atrás dos EUA (US$ 341 bilhões), mas com uma queda em relação a 2022, quando recebeu US$ 73 bilhões, de acordo com a OCDE.

Os dados de março e do trimestre foram divulgados pelo Banco Central, indicando que o saldo bastante positivo do mês e do trimestre ajudaram a contrabalancear o aumento do saldo negativo do Balanço de Transações Correntes do país com o resto do mundo, que foi deficitário em US$ 4,6 bilhões em março de 2024, ante superávit de US$ 698 milhões em março de 2023, refletindo, por sua vez, uma queda no saldo positivo da Balança Comercial.

No acumulado de 12 meses, o Investimento Direto do País - IDP (equivalente ao Investimento Estrangeiro Direto - IED) vem se reduzindo desde 2023. Na comparação com o PIB, em março desse ano, o indicador ficou em US$ 66,5 bilhões (2,98% do PIB) contra US$ 75,2 bilhões (3,76% do PIB) registrados em março de 2023. 

Ainda assim, o saldo tem sido suficiente para financiar o saldo negativo das Transações Correntes do Brasil com o resto do mundo. A redução do IDP no período é menor do que a do déficit em transações correntes no acumulado em 12 meses, que está em US$ 32,6 bilhões (1,46% do PIB) em março. Essa diferença ajuda o país a aumentar suas reservas internacionais e traz estabilidade para a moeda. O resultado em queda do saldo negativo das transações correntes tem sido ajudado com saldos muito positivos da Balança Comercial.

Os dados de 2023 foram divulgados pela OCDE mostrando que o Brasil passou de 3º para 2º maior destino em IED global, passando a China, que teve uma redução drástica no período, indo de US$ 190 bilhões de ingresso de IED para US$ 43 bilhões devido, principalmente, à sua crise do sistema imobiliário. Os EUA se mantiveram em primeiro lugar, mas também com uma redução de US$ 364 bilhões para US$ 341 bilhões. Segundo a OCDE, o mundo todo teve uma queda de 7% em IED em 2023. É possível que parte desses investimentos que deixaram de ir para a China tenham sido redirecionados para a economia brasileira.

A entrada desse tipo de investimento é muito importante para o Brasil, pois é um investimento de longo prazo, que gera empregos, renda e impostos. São investimentos privados em projetos greenfield e de M&A de negócios já instalados aqui no país. Além dessa vantagem, a entrada desses tipos de investimentos ajuda a cobrir o déficit das Transações Correntes e melhora as reservas internacionais.