COLUNA

PIB cresceu 2,9% em 2023, e 2024?

O PIB de 2023 cresceu 2,9%, mas com dois crescimentos seguidos de 0% no terceiro e quarto trimestres, o que acende um alerta
Por: Ecio Costa

Publicado em: 04/03/2024 10:10

O PIB de 2023 cresceu 2,9%, mas com dois crescimentos seguidos de 0% no terceiro e quarto trimestres, o que acende um alerta. No acumulado do ano, houve um crescimento de 15,1% da agropecuária. A indústria cresceu 1,6% e o setor de serviços teve um crescimento de 2,4%. O Consumo das famílias avançou 3,1% e o Investimento caiu 3,0%.

Importante entender que desses três setores produtivos, o setor de serviços representa mais de 70% da economia brasileira e um bom desempenho dele puxa o PIB para cima. A indústria representa em torno de 25% da economia brasileira e apesar de ter andado de lado nesses últimos anos apresentou crescimento de 1,6%. A agropecuária foi o grande destaque, com crescimento de 15,1%. Para um setor que representa pouco mais de 5% a 6% do PIB brasileiro, o crescimento foi forte, mas como pesa pouco no PIB, não foi decisivo. 

Importante olhar a taxa de investimentos de 2023, de 16,5% do PIB, enquanto em 2022 foi de 17,8%. Isso preocupa porque um menor investimento na economia pode significar um crescimento mais baixo nos próximos anos já que a produção tende a ser menor porque estão investindo menos no setor produtivo. 

Na comparação do quarto para o terceiro trimestre, o PIB teve um crescimento de 0%. Anteriormente, o IBGE tinha informado um crescimento de 0,1% para o terceiro trimestre e agora ajustou para 0%. No quarto trimestre em relação ao terceiro, a indústria avançou 1,3%. Os serviços, que tiveram um bom desempenho ao longo de 2023, apresentaram uma variação positiva de 0,3%, mostrando uma desaceleração e a agropecuária caiu 5,3%. 

Ao comparar o PIB desse quarto trimestre com o quarto trimestre de 2022, o crescimento foi de 2,1%, o que também mostra uma desaceleração da economia. O grande desafio fica para 2024. As preocupações vêm dos investimentos em queda e, principalmente, da agropecuária, que deve ter um crescimento mais baixo. 

A indústria pode se recuperar com taxas de juros mais baixas, já que a SELIC vem caindo. E o setor de serviços depende muito hoje da forte economia informal existente no país. A depender do desempenho desse setor, pode ter um desempenho bom para o PIB em 2024. 

A economia em 2024 será mais puxada pelo lado da demanda através do consumo das famílias. Em 2023, o consumo das famílias avançou 3,1% em relação ao ano anterior. E foi muito ajudada pela massa salarial real, que teve um crescimento com o arrefecimento da inflação e pelo Bolsa Família. 

O consumo do governo também teve um crescimento de 1,7%, sendo os principais destaques pelo lado da demanda. O investimento teve uma queda de 3%, com destaque muito negativo do setor de máquinas e equipamentos (-9,4%). 

Então, com a queda de juros ao longo desse ano e uma inflação mais controlada, é possível que esse avanço da massa salarial real continue contribuindo através do consumo das famílias. Vale lembrar que o consumo das famílias, pelo lado da demanda, representa mais de 60% do PIB. Os gastos governamentais também podem contribuir, mas com um custo muito caro para o endividamento público do país.

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