COLUNA

E se Brasil romper relações comerciais com Israel?

Crise diplomática tem trazido consequências para as relações políticas entre os dois países e pode resultar em algum impacto no comércio exterior
Por: Ecio Costa

Publicado em: 26/02/2024 10:01

E se Brasil e Israel romperem relações, como ficará o comércio exterior entre os dois países? A crise diplomática tem trazido consequências para as relações políticas entre os dois países e pode resultar em algum impacto no comércio exterior, mas talvez não de imediato.

Dados da plataforma governamental ComexStat mostram que o Brasil exportou US$ 662 milhões em produtos para Israel em 2023. Os cinco itens principais são óleos brutos de petróleo ou de minerais betuminosos (US$ 139 milhões) carne bovina (US$ 127 milhões), soja (US$ 121 milhões), farelo de soja (US$ 63 milhões) e milho (US$ 38 milhões).

Em termos de volume, é pouco, mas qualquer mal-entendido que afete a área comercial traz preocupação, pois pode ter efeito multiplicador para outros países que não concordem com o posicionamento político brasileiro, como já declarado pelos EUA, inclusive.

O Brasil importou US$ 1,35 bilhão em produtos israelenses, sendo os dois principais itens insumos para o agronegócio: fertilizantes (US$ 608 milhões) e defensivos agrícolas (US$ 144 milhões). A maior parte das importações são da indústria de transformação, incluindo insumos industriais.

Por conta de Israel ser um país muito inovador em diversas áreas, o Brasil pode sofrer dificuldades em importar tecnologia de lá, em setores prioritários, como medicina, segurança e proteção de inteligência. Um possível rompimento levaria o Brasil a ter que procurar novos fornecedores, provavelmente com custos mais elevados.

O impacto nas relações comerciais bilaterais deve ser baixo no curto prazo, pois muitas negociações já estão em curso. O maior impacto pode vir a médio e longo prazo, quando licenças e certificados emitidos por Israel para produtos brasileiros podem não ser renovados. Um alento é o acordo do Mercosul, que garante acesso aos produtos dos membros de forma igualitária ao mercado israelense.

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