COLUNA

Gaslighting: a manipulação psicológica para desestabilizar alguém

Termo foi criado com base no filme "Gaslight" de 1944, que, no Brasil, recebeu o nome de "Meia-Luz"

Publicado em: 26/03/2024 11:20

 (Foto: Freepik)
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Gaslighting é uma forma de manipulação emocional para desestabilizar a vítima psicologicamente. O termo foi criado com base no filme “Gaslight” de 1944, que no Brasil recebeu o nome de “Meia-Luz”. É a história de um marido que tenta convencer a esposa de que ela está ficando louca, ao esconder os pertences dela e mudar as luzes a gás da casa. Quando ela pergunta sobre esses acontecimentos, ele nega, tentando convencê-la de que está imaginando coisas.

No gaslighting, o manipulador tenta despertar dúvidas sobre percepções, sentimentos, convicções e memórias. Costuma ocorrer em relacionamentos abusivos, mas também pode acontecer em qualquer contexto social. As frases típicas são: “você enlouqueceu”, “não foi assim que aconteceu”, “você é muito sensível” ou outras, que buscam convencer a vítima de que ela está enganada. 

Depois dessas afirmações, o manipulador conta o lado dele da história, como se fosse a única realidade. Em seguida, quando a vítima tenta argumentar e defender a sua interpretação, ele continua a dizer coisas como “você é irredutível” ou “você não sabe o que fala”, para que a vítima se sinta errada ou culpada da situação. 

O manipulador pode, ainda, chegar a dizer “isso aconteceu por sua culpa” quando, na verdade, foi ele que agiu mal, ou, sutilmente, humilhar a vítima, a chamando de “burra(o)”, “insegura(o)”, “pouco confiável”, “dramática(o)”, “sensível”, entre outros adjetivos. 

Aos poucos, a pessoa acredita que está sendo injusta ou fazendo tempestade em copo d’água. Com a autoestima abalada com tantas acusações e sentindo-se culpada, ela fica com dificuldade de sair do relacionamento abusivo. 

A chantagem emocional é uma das características mais comuns e pode acontecer de várias maneiras: 

  • O manipulador se coloca na posição de vítima para ganhar a simpatia e sair ileso de conflitos e situações ruins;
  • Ameaça acabar com o relacionamento, contar para as outras pessoas sobre um suposto comportamento negativo da vítima, entre outras coisas que possuem uma relevância para ela;
  • Pede “favores” para a vítima, tentando barganhar para que ela faça o que ele deseja. Somente ao realizar os pedidos dele, ela ganhará o que quer; 
  • Leva a vítima a acreditar que os seus atos podem causar consequências graves para si mesma. Também é comum ele ameaçar machucar a si mesmo para manipular a vítima.

De vez em quando, numa afetiva, o gaslighter (praticante do gaslighting) trata a vítima carinhosamente. Compra presentes, é gentil com as palavras e demonstra se importar com o seu bem-estar. Esse comportamento é descrito no “Ciclo da Violência Doméstica”, em que o abusador procura a reconciliação por meio de ações amorosas,  somente para dar continuidade aos abusos depois.
O gaslighting não acontece somente durante conflitos. Pode ser praticado em situações corriqueiras, aproveitando que a vítima está desarmada e focada em seus afazeres diários. Assim, facilita a desestabilização dela. 

O gaslighter não consegue lidar com pessoas assertivas e seguras de si. Se a pessoa está sendo vítima disso, deve confiar em seu posicionamento e não permitir que o mentiroso desconverse ou fantasie cenários não condizentes com a realidade. Se necessário, deve conversar com outros indivíduos para ter provas do comportamento dele. Um trabalho psicoterápico também pode ajudar a identificar e sair desta situação atípica. 

SALAS DE ACOLHIMENTO PARA MULHERES VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA NO SUS
 
 (Foto: Freepik)
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A Câmara dos Deputados aprovou em março de 2024, o projeto de lei que garante salas de acolhimento exclusivas para mulheres vítimas de violência nos serviços de saúde conveniados ou próprios do Sistema Único de Saúde (SUS). A proposta será enviada ao Senado.

De autoria da deputada Iza Arruda (MDB-PE), o projeto prevê um ambiente que garanta a privacidade da mulher, além da restrição de acesso de terceiros não autorizados pela paciente, em especial do agressor.

O texto muda o trecho da Lei 8.080/90 sobre os serviços de saúde, na parte em que define diretrizes das ações e serviços públicos de saúde e dos serviços privados contratados ou conveniados que integram o SUS. 

Segundo a Agência Câmara de Notícias, a diretriz a que se refere a exigência de salas de acolhimento,  trata do atendimento público específico e especializado com acompanhamento psicológico e outros serviços.

80% DAS MULHERES NÃO CONHECEM BEM A LEI MARIA DA PENHA
 
 (Foto: Freepik)
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A 10ª edição da Pesquisa Nacional de Violência Contra a Mulher, realizada pelo Observatório da Mulher Contra a Violência (OMV) e o Instituto DataSenado, constatou que apenas duas em cada dez mulheres se sentem bem informadas em relação à Lei Maria da Penha, que criou mecanismos para coibir e prevenir a violência doméstica e familiar contra a mulher. 

A Lei Maria da Penha é conhecida pela população brasileira de maneira geral, mas quando se pergunta o quanto as pessoas sabem da lei, sobretudo as mulheres, percebe-se que o conhecimento ainda é muito pequeno. 

Segundo a Agência Brasil, a pesquisa alerta para a necessidade de entender não só o que as pessoas já ouviram falar sobre a lei, mas o quanto elas conhecem nos detalhes, o quanto esse conhecimento têm a ver com os seus próprios direitos. 

De acordo com o estudo, mesmo nas localidades onde há maior conhecimento entre a população feminina sobre a Maria da Penha, o índice é muito baixo, passando pouco de 30%. É o caso do Distrito Federal (33%), Paraná (29%) e Rio Grande do Sul (29%). “O conhecimento está muito longe de ser o ideal”, afirmou Beatriz. As mulheres das regiões Norte e Nordeste são as que afirmam conhecer menos a Lei Maria da Penha, principalmente no Amazonas (74%), Pará (74%), Maranhão (72%), Piauí (72%), em Roraima (71%) e no Ceará (71%).

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