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com Claudia Molinna

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Emergência silenciosa: o impacto dos agrotóxicos na saúde mental

Muito além das repercussões físicas, cresce o alerta de especialistas sobre os efeitos agrotóxicos no equilíbrio psíquico e emocional da população

Claudia Molinna

Publicado: 30/09/2025 às 11:18

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(Freepik)

O Brasil vive uma realidade que, embora pouco debatida, ameaça silenciosamente a saúde coletiva: o impacto dos agrotóxicos sobre a mente humana. Muito além das repercussões físicas, cresce o alerta de especialistas sobre os efeitos desses compostos químicos no equilíbrio psíquico e emocional da população.

Um estudo publicado na revista Toxicology em 2024, identificou maior prevalência de sintomas depressivos entre agricultores brasileiros expostos a pesticidas. A intoxicação química, portanto, não se limita ao corpo, mas alcança a mente. Na mesma linha, uma revisão publicada na Discover Toxicology mostrou que a exposição contínua compromete memória, atenção e aprendizagem, especialmente em contextos de contato crônico com pesticidas.

Outras análises reforçam a gravidade da situação. Uma revisão sistemática publicada no Journal of Neurosciences in Rural Practice constatou que cerca de 90% dos estudos disponíveis, encontraram prejuízos cognitivos em agricultores expostos. Já um artigo da MDPI Environmental Sciences Proceedings destacou como os pesticidas funcionam como estressores ambientais capazes de provocar neuroinflamação, alterações de neurotransmissores e risco para doenças neuropsiquiátricas.

O problema é silencioso, porque os sintomas surgem lentamente: fadiga persistente, lapsos de memória e irritabilidade podem parecer banais, mas muitas vezes escondem uma intoxicação invisível. Ao atingir o sistema nervoso, os agrotóxicos transformam a rotina em um campo de risco que poucos percebem.

Estamos, portanto, diante de uma emergência que exige ação coordenada entre saúde pública, fiscalização ambiental e educação alimentar. Reduzir o uso indiscriminado, incentivar práticas sustentáveis e ampliar o monitoramento médico são medidas urgentes. Ignorar essa ameaça é aceitar que o alimento que chega à mesa carregue, além de nutrientes, um veneno que corrói a lucidez e a saúde mental de toda uma geração.

ESTIGMA DA MENOPAUSA: UM DESAFIO GLOBAL INVISÍVEL

Um estudo recente envolvendo mulheres da Austrália, Brasil, Canadá, Estados Unidos e outros países trouxe à tona uma questão frequentemente negligenciada: o estigma da menopausa. A pesquisa revelou que 65% das entrevistadas relataram sofrimento psicológico associado a essa fase da vida, manifestado em ansiedade, depressão e sentimentos de vergonha. Além disso, 36% afirmaram que os sintomas impactaram diretamente sua atuação no trabalho.

Esses dados revelam que a menopausa não é apenas uma experiência biológica, mas também social e cultural. Muitas mulheres se sentem pressionadas a ocultar seus sintomas, por medo de julgamentos ou de serem vistas como menos capazes. Essa invisibilidade amplia o sofrimento e reforça preconceitos, criando um ciclo silencioso de exclusão e desvalorização.

O impacto no ambiente profissional é particularmente preocupante. Em vez de receber apoio e acolhimento, muitas mulheres enfrentam estigmas que comprometem não apenas sua saúde mental, mas também sua produtividade e senso de pertencimento.

Tratar a menopausa como tema de saúde pública e de direitos no trabalho é urgente. Quebrar o silêncio, promover informação e criar ambientes inclusivos pode transformar uma fase natural da vida feminina em um momento de força, não de fragilidade.

EDUCAÇÃO INCLUSIVA: COTAS PARA MÃES ATÍPICAS

O Projeto de Lei 4665/2025, de autoria da deputada Renilce Nicodemos (MDB-PA), em tramitação na Câmara dos Deputados, propõe a criação de cotas em universidades e faculdades para mães atípicas. A iniciativa busca ampliar o acesso ao ensino superior para mulheres que enfrentam uma realidade marcada por desafios adicionais: cuidar de filhos com deficiência, transtornos do desenvolvimento ou condições que exigem atenção contínua.

Na prática, essas mães vivenciam jornadas duplas ou triplas, divididas entre responsabilidades domésticas, trabalho e demandas específicas do cuidado. Muitas vezes, acabam deixando os estudos de lado, não por falta de interesse ou capacidade, mas pela ausência de políticas públicas que reconheçam suas particularidades.

Ao estabelecer cotas, o PL 4665/2025 não apenas cria um mecanismo de reparação social, mas também amplia as oportunidades de inserção profissional dessas mulheres. A formação acadêmica pode ser um instrumento de autonomia financeira, autoestima e transformação social, refletindo diretamente na qualidade de vida das famílias.

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