Herança invisível: como a ansiedade dos pais modernos afeta os filhos
A geração ansiosa não está nos berçários nem nas escolas, e sim nos grupos de pais nas redes sociais, nas reuniões pedagógicas ou nos olhares vigilantes no parquinho
Publicado: 15/07/2025 às 14:19

(Freepik)
A geração ansiosa não está nos berçários nem nas escolas, segundo o professor Michael Rich, da Universidade de Harvard. Está nos grupos de pais nas redes sociais, nas reuniões pedagógicas ou nos olhares vigilantes no parquinho. Assim, não seriam as crianças as verdadeiras vítimas da ansiedade crônica, como alguns especialistas afirmam, mas os adultos que, sem perceber, transferem suas angústias para os filhos, como uma herança invisível e devastadora.
Na acelerada modernidade, muitos pais se tornaram guardiões do controle absoluto, pois querem prever cada tropeço, evitar qualquer frustração, corrigir todo silêncio. Mas ao tentar proteger demais, sem confiar, criam filhos que crescem com medo de errar, de decepcionar ou de não dar conta. Desta forma, a ansiedade adulta escorre por entre as palavras e atitudes, o que compromete, silenciosamente, a saúde mental dos seus descendentes.
Portanto, talvez não seja o tablet ou o algoritmo os maiores vilões, e sim, a ausência de paz interior nos adultos. Afinal, crianças aprendem mais com o estado emocional dos pais do que com suas orientações. Quando o ambiente familiar se torna tenso, superprotetor e exigente, eles crescem carregando culpas que nem são deles.
Tendo a infância virado um projeto de sucesso, ao tirar das crianças o direito de serem imperfeitas, espontâneas e até frustradas, os adultos as empurram para um abismo emocional precoce. Distante disso, a verdadeira cura não está em limitar telas ou controlar redes, mas em olhar para dentro, pois pais equilibrados formam filhos seguros, mais preparados para as intempéries da vida.
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA: 71 MULHERES POR HORA PEDEM PROTEÇÃO PARA CONTINUAR VIVAS
Enquanto você lê esta frase, mais de uma mulher no Brasil acaba de receber uma medida protetiva. São 71 por hora, mais de 1.700 por dia, segundo dados recentes da Justiça. Esse número não representa apenas estatística, pois revela uma realidade brutal: milhares de brasileiras precisam da mediação do Estado para garantir o direito mais básico de todos, ou seja, o de continuar vivas.
As medidas protetivas, previstas pela Lei Maria da Penha, servem para afastar o agressor, impedir contato e garantir que a mulher possa respirar. São escudos legais contra uma violência que, em muitos casos, começa silenciosa, psicológica, e termina com marcas profundas físicas, emocionais ou fatais.
Mas por trás de cada medida está uma mulher que enfrentou o medo de denunciar. Que rompeu o silêncio, mesmo sabendo que o sistema nem sempre responde com a agilidade ou proteção que ela merece. Cada concessão de medida é uma tentativa de sobreviver em um país onde o lar, muitas vezes, é o lugar mais perigoso para uma mulher.
APROVADA APOSENTADORIA ESPECIAL PARA MÃES CUIDADORAS DE CRIANÇAS COM NECESSIDADES ESPECIAIS
Foi aprovado o Projeto de Lei que garante aposentadoria especial para mães de crianças com deficiência, autismo ou outras condições que demandam cuidados permanentes. A medida representa um avanço histórico no reconhecimento do trabalho invisível que essas mulheres realizam diariamente.
Ser mãe atípica é viver em estado de alerta contínuo. É ter a rotina atravessada por terapias, laudos, escolas despreparadas e noites em claro. É cuidar sem pausa, sem rede de apoio e, muitas vezes, sem tempo sequer para cuidar de si. Essas mães acumulam funções que nenhuma profissão contempla: são cuidadoras integrais, muitas vezes únicas.
O novo projeto não oferece um privilégio, mas repara uma desigualdade. Ao reconhecer o desgaste físico, mental e social enfrentado por essas mulheres, o Estado começa a corrigir uma omissão histórica, que é a de tratar a maternidade atípica como um fardo privado.

