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Brasileiro está otimista para 2026, mostra pesquisa

Pesquisa revela que 8 em cada 10 brasileiros têm boas perspectivas para 2026

Edla Lula - Correio Braziliense

Publicado: 28/12/2025 às 10:34

Segundo o levantamento, 83% da população acredita que o próximo ano será melhor do que o que se encerra, o equivalente a cerca de 135 milhões de pessoas/Minervino Júnior/CB/D.A.Press

Segundo o levantamento, 83% da população acredita que o próximo ano será melhor do que o que se encerra, o equivalente a cerca de 135 milhões de pessoas (Minervino Júnior/CB/D.A.Press)

Independentemente do pé a ser usado para começar o ano novo, o certo é que o brasileiro está muito otimista para 2026. É o que revela a pesquisa realizada pelo Instituto Locomotiva em parceria com a QuestionPro.

Segundo o levantamento, 83% da população acredita que o próximo ano será melhor do que o que se encerra, o equivalente a cerca de 135 milhões de pessoas. Em 2024, 79% dos brasileiros avaliavam que 2025 seria melhor.

"A pesquisa mostra um Brasil com um otimismo pé no chão: a maioria acredita que 2026 vai ser melhor, mas o sonho não é abstrato — é bem prático. O brasileiro quer organizar a vida: cuidar do corpo, comer melhor, poupar dinheiro, buscar um curso, trocar de emprego, mudar de casa, abrir um negócio. No fundo, a mensagem é: 'não estou esperando milagre, estou montando um plano'", diz, ao Correio, o presidente do Instituto Locomotiva, Renato Meirelles.

Ele explica que "a virada do ano funciona como um momento simbólico de reorganização para os brasileiros. Mais do que grandes planos, há uma expectativa de retomar o controle da própria vida, ajustar rotas e buscar melhorias possíveis no dia a dia."

A pesquisa atual, diz Meirelles, revela que a sociedade brasileira, mesmo convivendo com incertezas, "segue procurando equilíbrio, bem-estar e perspectivas de avanço."

A percepção positiva é mais forte entre os jovens de 18 a 29 anos, em que 93% acreditam que 2026 será melhor, índice que cai para 73% entre os 50+.

"Juventude é o segmento que tem mais futuro disponível: menos amarras, mais capacidade de recomeço, mais disposição para experimentar", diz Meirelles, ao comentar que os jovens projetam para 2026 ações relacionadas à mobilidade, como melhorar a rotina, estudar, ou cuidar da autoestima. "O jovem não está apostando que o mundo vai ficar mais fácil. Está apostando que ele vai ficar mais forte para enfrentar o mundo", observa.


Promessas

Mas o brasileiro está consciente de que, para o ano ser melhor, é necessário que haja um movimento pessoal e atitudes práticas. Segundo o Locomotiva, 56% pretendem pactuar promessas ou resoluções para 2026. Para isso, 90% dos brasileiros prometem guardar dinheiro ou fazer poupança, evidenciando que a preocupação com organização financeira atravessa todo o país.

Também aparecem com destaque fazer algo para melhorar a aparência física (79%), começar um curso (52%), mudar ou iniciar um novo emprego (38%), abrir um negócio (33%), mudar de casa (34%), casar ou iniciar um relacionamento (24%) e ter um filho (10%).

Quando o foco é saúde, 89% afirmam que querem melhorar a alimentação e 86% pretendem praticar mais atividade física do que atualmente, principalmente entre os mais jovens.

Ao projetar quem pode contribuir para que a vida melhore em 2026, 52% dos brasileiros afirmam que eles próprios são os principais agentes dessa transformação. Em seguida aparecem Deus ou a igreja (22%), a família (11%), governo federal (4%), empresa que trabalha (3%), governo estadual (1%) e governo municipal (1%).

"Além de acreditar na melhoria, muitos se veem como principais agentes dessa transformação, investindo em ações como cuidar melhor da alimentação, praticar mais atividades físicas e poupar dinheiro. Isso demonstra uma busca ativa pela melhoria de sua qualidade de vida, revelando um Brasil que, mesmo diante de desafios, se coloca como protagonista de sua própria mudança", afirma Meirelles.

Ele destaca que o tema da economia dá o tom do humor social, quando a sensação é de que dá pra respirar um pouco, mesmo que com pouca folga. "O otimismo aparece muito ligado à ideia de organizar o orçamento, poupar, melhorar de vida por esforço próprio. O brasileiro pode até reclamar da economia no macro, mas quando ele sente que dá pra "arrumar a casa", ele volta a sonhar", aponta.

O otimismo, diz, tem uma relação direta com a ideia de organizar o orçamento, poupar ou melhorar de vida por esforço próprio.


Posição política

Em um país polarizado, o levantamento não poderia deixar de contemplar a bandeira política dos entrevistados. Entre os brasileiros que se dizem de esquerda, a expectativa de melhora em 2026 é majoritária em todos os aspectos avaliados, chegando a 70% na economia, 69% na avaliação do governo federal, 56% na saúde pública e 52% no governo de seu estado, 51% na educação e no governo de sua cidade e 46% na segurança pública. Já entre os que se dizem de direita, os percentuais são mais baixos e refletem maior cautela, com 25% acreditando na melhora da economia, 23% na atuação do governo federal, 26% na saúde e 35% no governo de seu estado, 24% na educação, 33% no governo de sua cidade e 26% na segurança pública.

"A forma como as pessoas enxergam o futuro do país passa também pelo alinhamento político. Esse alinhamento impacta diretamente o otimismo com o rumo da economia, dos serviços públicos e da capacidade do Estado de responder às demandas da sociedade. Esse recorte ajuda a entender que essas expectativas não são moldadas de forma fria e racional, mas imersas em subjetividade."

Para Meirelles, esse termômetro não tem relação com acontecimentos específicos que marcaram o ano de 2025, como a prisão dos envolvidos na trama golpista ou o sucesso da pauta econômica. "Eu vejo mais como efeito de lente do que um único motivo. Quem se identifica com a esquerda tende a ler 2026 com mais esperança porque enxerga mais possibilidade de continuidade e 'alguma direção' no país, enquanto parte da direita está mais conectada a uma narrativa de desordem e crise, que naturalmente puxa o humor para baixo", analisa. "Não é só 'pauta negativa' nem só 'mérito do governo': é como cada grupo escolhe o que entra no zoom da câmera — um foca no que melhorou, o outro no que ainda assusta",completa.

A pesquisa revela ainda que a visão sobre o país é mais cautelosa. Para 41% dos brasileiros o Brasil, de forma geral, irá melhorar em 2026, mesmo percentual registrado no ano anterior. Outros 26% acham que a situação ficará igual, enquanto 33% acreditam que o país irá piorar.

"Esse contraste revela um país que aposta nos avanços possíveis do cotidiano, mas mantém um olhar mais exigente e realista sobre o futuro coletivo", conclui Meirelles.

 

Confira as informações no Correio Braziliense.

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