Governo do Brasil detalha plano de ação contra intoxicações por metanol
Em coletiva de imprensa, ministros explicam que alertas, fiscalização, inquéritos e orientações a profissionais de saúde serão priorizados para enfrentar a situação
Publicado: 30/09/2025 às 14:19

Ministros Lewandowski explicou que a atuação federal também envolve ampliar o volume de alertas com orientações aos Procons e enviar notas técnicas a estabelecimentos que comercializam as bebidas (José Cruz/Agência Brasil)
durante coletiva à imprensa na manhã desta terça, 30 de setembro, em Brasília (DF), o Governo do Brasil detalhou um plano de ação federal diante dos casos de intoxicação por metanol relacionados ao consumo de bebidas alcoólicas adulteradas, situação detectada no estado de São Paulo.
A primeira providência foi a abertura de inquérito pela Polícia Federal, determinada pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), para apurar a procedência do metanol e investigar uma possível rede de distribuição ilícita entre estados. Paralelamente, a Secretaria Nacional do Consumidor instaurou inquérito administrativo para acompanhar as ocorrências e avaliar medidas adicionais relativas à proteção dos consumidores.
Já o Ministério da Saúde determinou que todas as unidades do Sistema Único de Saúde (SUS) realizem a notificação imediata de casos suspeitos de intoxicação exógena por metanol. Uma nota técnica será publicada ainda nesta terça-feira (30/9), reforçando as orientações aos profissionais de saúde, em especial da rede de urgência e emergência, sobre protocolos de atendimento e registro.
A atuação federal envolve ainda ampliar o volume de alertas com orientações aos Procons de todo o país e enviar notas técnicas a estabelecimentos que comercializam as bebidas.
Participaram da coletiva os ministros Ricardo Lewandowski (Justiça e Segurança Pública), Alexandre Padilha (Saúde) e o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, além de secretários das pastas.
NOVO PADRÃO
Lewandowski explicou que os casos recentes em São Paulo apresentam padrão inédito e diverso aos que eram, até então, registrados. As ocorrências de intoxicação por metanol estavam, majoritariamente, associadas a pessoas em extrema vulnerabilidade ou em situação de rua, a partir de ingestão de álcool adulterado. Porém, a partir de setembro, pacientes intoxicados apresentaram histórico de ingestão de bebidas destiladas em cenas sociais de consumo alcoólico, incluindo bares, e com diferentes tipos de bebida, como gin, whisky e vodka.
PROVIDÊNCIAS
“Desde sexta-feira estamos acompanhando isso com mais intensidade e temos o nosso sistema de alerta rápido, criado em fevereiro deste ano, para detectar, em todo o país, novas drogas, além das que tradicionalmente são conhecidas pela população, como maconha, cocaína, heroína e crack. É detectada a natureza da droga e imediatamente o sistema emite a informação nacionalmente, sobretudo para a rede de saúde pública, para que providências sejam tomadas para prevenir e tratar sintomas da ingestão desses tóxicos”, explicou Lewandowski.
INVESTIGAÇÃO
Diante do ineditismo da situação, o MJSP considera a possibilidade de existirem casos ainda não notificados, que seguem sob investigação e aguardam confirmação laboratorial. Lewandowski lembrou que a Secretaria de Defesa do Consumidor emitiu nota técnica para todos os estabelecimentos que vendem bebidas alcoólicas para que adotem os cuidados necessários para evitar novas intoxicações. “É essencial o cuidado para que possamos tomar outras providências no sentido de identificar a origem e o âmbito de distribuição deste produto”, disse Lewandowski.
SAÚDE
O ministro Alexandre Padilha explicou que todas as unidades de saúde, em especial a rede de urgência e emergência, devem seguir o protocolo de notificação para casos suspeitos. Segundo ele, está sendo registrado um número atípico de notificações de casos suspeitos de intoxicação por metanol, destoante do registrado na série histórica, o que desperta um alerta no Sistema Único de Saúde (SUS). “Temos, na nossa série histórica, cerca de 20 casos por ano de intoxicação por metanol, notificados pelos profissionais de saúde e enviados ao nosso Sistema Nacional. Para se ter ideia, a partir de setembro se notificou quase metade daquilo que se notificou ao longo de um ano”.
ORIENTAÇÃO
Padilha reforçou que a secretaria estadual de saúde é a responsável pelo atendimento dos casos e sublinhou a necessidade de fortalecer todas as unidades, com orientação e treinamento. “Temos uma parceria funcionando muito bem com a coordenação epidemiológica da Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo, com a Vigilância da Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo, mas também com o conjunto das secretarias estaduais e municipais de todo o país. Fazemos o alerta em relação a isso e para que profissionais conheçam os sistemas de vigilância e conheçam o protocolo do para intoxicações exógenas, que fornece detalhadamente o conjunto das ações”.
SINTOMAS
A intoxicação por metanol é uma emergência médica de extrema gravidade. A substância, quando ingerida, é metabolizada no organismo em produtos tóxicos (como formaldeído e ácido fórmico), que podem levar ao óbito. Os principais sintomas são visão turva ou perda de visão e mal-estar generalizado (náuseas, vômitos, dores abdominais, sudorese). Em caso de identificação dos sintomas, é essencial buscar imediatamente os serviços de emergência médica e entrar em contato com pelo menos uma das instituições a seguir:
• Disque-Intoxicação da Anvisa: 0800 722 6001;
• CIATox da sua cidade para orientação especializada
• Centro de Controle de Intoxicações de São Paulo (CCI): (11) 5012-5311 ou 0800-771-3733 – de qualquer lugar do país;
AVISE
É importante identificar e orientar possíveis contatos que tenham consumido a mesma bebida, recomendando que procurem um serviço de saúde para avaliação e tratamento adequado.

