Editorial Entendimento pelo futuro

Publicado em: 22/05/2019 03:00 Atualizado em: 22/05/2019 08:49

Fechar as contas é, neste momento, a preocupação que une 100% das famílias brasileiras. Obviamente, com substanciais diferenças no que tange ao desenho do orçamento, às despesas e, sobretudo, às receitas. Mas pagar as contas e se esforçar ao máximo para chegar ao fim do mês com tranquilidade é o último pensamento antes do sono de milhões de brasileiros.

Com os governos não é diferente. O equilíbrio entre as receitas e as despesas é que vai definir também a saúde daquele ente público. A sobra que vai equipar um hospital, inaugurar uma nova escola ou restaurar uma rodovia virá, fatalmente, da gestão capaz de fazer com que os gastos não consumam o total de ganhos. Somente esse excedente promovido pela boa administração permitirá ao corpo público ir além de suas necessidades essenciais.

Por isso é tão importante discutir a reforma da Previdência, um rombo que, em 2018, chegou a R$ 195,2 bilhões. Independentemente da premência com que a trate o governo recém-empossado, é fato que equacionar as contas do sistema previdenciário é essencial para que o país retome as rédeas de seu próprio orçamento. Somente com as contas em dia o país será capaz de planejar os caminhos de seu próprio desenvolvimento.

Entre 1980 e 2018, a taxa de fecundidade no país caiu de 4,1 para 1,7 filhos por mulher. Grosso modo, isso significa dizer que, se em 1980 cada casal contava com a contribuição de quatro filhos para bancar sua aposentadoria, atualmente menos de dois sustentam os benefícios de pai e mãe. A solução parece fácil: contribui-se mais ou se recebe menos. O exemplo é claro, a realidade também. Importante lembrar que a expectativa de vida do brasileiro subiu de 62,5 para 76 anos no mesmo período.

“Fechar a conta”, no entanto, atenua o problema, mas não o soluciona, visto que a sociedade segue em transformação e que, provavelmente, viveremos mais e teremos ainda menos filhos. Por isso é tão importante construir uma nova Previdência que seja capaz de solucionar, já no desenho de agora, os problemas que surgirão no futuro, permitindo que, com as contas em dia, o país finalmente se concentre em crescer, gerando prosperidade capaz de garantir melhor qualidade à vida de seus cidadãos.

Encontrar a fórmula certa para a reforma é um gigantesco desafio. O primeiro – e mais urgente – passo, entretanto, é compreender a importância e a urgência de se buscar um real entendimento por sua viabilização. Ao Congresso Nacional cabe aceitar a responsabilidade de debater o tema com coragem, mas também com a sensatez e a celeridade que permitam ao Brasil sair do buraco antes de chegar ao fundo dele.

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