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Uma mulher é morta por feminicídio a cada quatro dias em Pernambuco

Estado soma 82 vítimas até novembro e ultrapassa o total de 2024

Por Adelmo Lucena

Mais de 80 mulheres tiveram as vidas interrompidas por companheiros ou ex-companheiros em 2025

Antes do fim de 2025, Pernambuco já registra 82 feminicídios, número superior ao total de 2024. Os dados, divulgados pela Secretaria de Defesa Social (SDS-PE), apontam aumento de 20,5% em relação ao ano anterior, quando foram contabilizadas 76 mortes.

Os 82 feminicídios registrados entre janeiro e novembro significam, em média, 7,4 casos por mês, um crime a cada quatro dias em Pernambuco.

Maria Graciele - esfaqueada enquanto dormia ao lado dos filhos

O caso mais recente ocorreu na terça-feira (11), envolvendo Maria Graciele dos Santos, 25 anos. Ela havia deixado Caruaru, no Agreste, e estava escondida em Coruripe, Alagoas, após fugir do ex-companheiro. A jovem foi morta dentro da residência onde dormia com os dois filhos pequenos. O homem entrou no imóvel, a atacou e fugiu.

Como o crime aconteceu em dezembro, ainda não integra o balanço oficial mais recente da SDS-PE.

Isabele Gomes - morta queimada junto com os quatro filhos

No início de dezembro, um incêndio provocado pelo companheiro de Isabele Gomes de Macedo, 40 anos, causou a morte dela e dos quatro filhos do casal: Aline, 7; Adriel, 4; Aguinaldo, 3; e Ariel, 1. O caso ocorreu no dia 2 em uma ocupação do Movimento Urbano dos Trabalhadores Sem-Teto (Must), na Caxangá, Zona Oeste do Recife.

O fogo destruiu 20 casas da comunidade. O suspeito, Aguinaldo José Alves, 39 anos, foi agredido por moradores antes de ser detido pela Polícia Militar. Ele permanece preso preventivamente.

Incêndios se repetem

Em 6 de dezembro, um homem de 26 anos foi preso suspeito de incendiar a casa da ex-companheira em Bezerros, no Agreste. Ela não estava no local. Câmeras de segurança registraram o momento em que o suspeito chegou em uma motocicleta e iniciou o incêndio. A Justiça liberou o homem suspendendo a prisão em flagrante.

Já no dia 1º de dezembro, um homem foi preso em flagrante por tentar matar uma mulher na zona rural de Buenos Aires, na Mata Norte. Segundo a Polícia Civil, ele ateou fogo na casa onde vivia com a vítima. Uma criança também estava na residência, mas ninguém ficou ferido.

O crime ocorreu dois dias após o caso que matou uma mulher e quatro crianças no Recife. O assunto foi citado pelo presidente Lula (PT) durante evento em Suape.

O suspeito tentou fugir, mas foi alcançado e levado à Delegacia de Buenos Aires, ficando à disposição da Justiça.

Thaissa Lorranu - morta e decepada

Em 18 de novembro, o corpo de Thaissa Lorranu Muniz Melo, confeiteira, foi encontrado na casa do ex-companheiro, na Várzea, Zona Oeste do Recife. O suspeito, Henryque Cassiano da Silva, 22 anos, foi preso em flagrante.

Thaissa tinha um dos braços decepado e o outro parcialmente arrancado. A mãe da vítima, que procurava a filha desde o dia anterior, encontrou o corpo atrás de um armário. Segundo a perícia, o suspeito havia começado a esquartejar a vítima pouco antes da chegada da mãe. A jovem também apresentava ferimentos no pescoço e nos braços.

Lorena Araújo - estrangulada durante crise de ciúmes do ex-companheiro

Lorena de Araújo Duarte, 46 anos, foi morta dentro do apartamento onde vivia com o companheiro na Avenida Conde da Boa Vista, área central do Recife. O caso aconteceu em 11 de novembro.

A Polícia Civil informou que o suspeito, um uruguaio de 44 anos, confessou ter asfixiado a vítima após uma discussão motivada por ciúmes. Ele foi localizado pela polícia nas proximidades da Delegacia de Boa Viagem e detido.

Adriana Lúcia - morta estrangulada pelo ex-companheiro

Em São José da Coroa Grande, no Litoral Sul, Adriana Lúcia de Souza, 40 anos, foi encontrada morta dentro de casa. Moradores relataram que o ex-marido, considerado o principal suspeito, não foi localizado desde o crime.

Segundo vizinhos, o relacionamento era marcado por episódios de violência. Dias antes, o homem teria ido à casa da vítima para causar danos ao imóvel, sendo impedido após a chegada da polícia.

Simone Almeida - agredida e morta pelo companheiro

Simone Almeida, 49 anos, morreu em 6 de novembro após permanecer internada desde 24 de outubro, quando foi agredida a golpes de marreta pelo companheiro em Pesqueira, no Agreste. A Polícia Civil investiga o caso como feminicídio.

O irmão da vítima também ficou ferido ao tentar defendê-la. O agressor, José Arnaldo Leite da Silva, foi preso no dia do crime, mas foi encontrado morto no dia seguinte, com indícios de suicídio.

Gabriela Soares - assassinada em incêndio criminoso

Em junho, um incêndio em Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife, revelou o corpo de Gabriela Soares da Silva, 32 anos. Testemunhas afirmaram que o companheiro dela, Pedro Henrique dos Santos Bezerra, 32 anos, provocou o fogo. Ele foi preso em flagrante e morreu depois no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).

Gabriela estava desaparecida havia dois dias. A polícia confirmou que o suspeito tinha antecedentes criminais.

Maria Francisca - morta a facadas

Maria Francisca de Moura Silva, 42 anos, foi morta a facadas pelo ex-companheiro em agosto, no bairro Caiçarinha da Penha, em Serra Talhada, no Sertão. O caso foi registrado como feminicídio pela 177ª Delegacia do município.

O suspeito, de 44 anos, foi preso no mesmo dia e encaminhado para audiência de custódia. A Secretaria da Mulher de Serra Talhada informou que a vítima não havia registrado denúncias em órgãos de segurança e, por isso, não estava sendo acompanhada pela rede de proteção.