Obstetras que pediram demissão do Imip "estão abertos ao diálogo", diz Simepe
Segundo presidente do Sindicato dos Médicos de Pernambuco, Renan Carneiro, 33 cartas já foram entregues, mas o número pode ultrapassar os 40, nos próximos dias. Profissionais criticam salários e condições de trabalho
O presidente do Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe), Renan Carneiro, afirmou, nesta quinta (18), que os obstetras que entregaram cartas de demissão "estão abertos ao diálogo" com a direção do Instituto de Medicina Integral (Imip), nos Coelhos, na área central do Recife.
No início da manhã, o Simepe informou que 49 profissionais estavam entregando as demissões, de forma coletiva.
O Imip contestou o número do sindicato, e disse que havia recebido 30 notificações dos obstetras, que apontas baixos salários e falta de condições de trabalho.
Em entrevista ao Diario, no início da tarde, Renan Carneiro disse que, até as 13h desta quinta, o sindicato havia recebido 33 pedidos de demissão dos profissionais do Imip.
"Até o momento, 33 cartas de demissão já foram entregues, mas o número que pode ultrapassar 40, nos próximos dias", declarou.
Carneiro disse, ainda, que, durante o período de aviso prévio de 30 dias, os profissionais seguirão atuando normalmente e avaliam a possibilidade de rever a decisão, "caso a instituição apresente propostas que atendam às reivindicações da categoria".
Ainda segundo o presidente do Simepe, cada pedido de desligamento é individual, mas existe disposição coletiva para o diálogo.
“Eles vão cumprir o aviso prévio dos 30 dias, continuar trabalhando e, dependendo de como o Imip se posicionar, vão avaliar se querem ou não voltar atrás. A possibilidade está aberta”, afirmou.
O sindicato reforçou que a mobilização busca garantir melhores condições de trabalho e não comprometer a assistência à população.
“O interesse não é pelo mal da instituição nem da categoria, mas por uma solução que não deixe a população sair perdendo”, acrescentou Carneiro.
Histórico
A categoria já havia sinalizado a insatisfação em julho, quando assinou uma carta de intenção de desligamento, apontando problemas como sobrecarga de trabalho, baixa remuneração, falta de valorização profissional e dificuldades estruturais.
Mesmo após reuniões, não houve avanço nas reivindicações por reajuste salarial e melhores condições de trabalho.
O Imip enfrenta desde 2024 uma crise envolvendo médicos obstetras. Em novembro do ano passado, o Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe) iniciou uma série de assembleias extraordinárias com a categoria, além de reuniões com a gestão da unidade, para tratar da sobrecarga de trabalho, das dificuldades estruturais, da baixa remuneração e da necessidade de redimensionamento das equipes.
Sem avanços nas negociações, 48 profissionais sinalizaram em julho deste ano, que entregariam as cartas de intenção de pedido de demissão, alegando falta de valorização e condições adequadas de trabalho.
A situação também chamou atenção de outros órgãos. Em julho deste ano, uma fiscalização realizada pelo Conselho Regional de Enfermagem de Pernambuco (Coren-PE) apontou superlotação e déficit de profissionais em setores como triagem obstétrica, pré-parto e enfermaria. Foram identificados espaços com número de pacientes bem acima da capacidade de leitos, além de relatos de demora no atendimento.
O Simepe notificou o Ministério Público do Trabalho (MPT), o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) e o Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe), solicitando intervenção imediata para garantir segurança assistencial e condições dignas de trabalho no hospital.