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Uso de empréstimo pessoal para quitar dívidas sem planejamento pode trazer riscos financeiros

Empréstimo deve ser feito com cautela e planejamento para não afetar afetando os recursos destinados às despesas básicas

Publicado: 09/05/2025 às 13:46

O empréstimo pessoal vem ganhando cada vez mais força no Nordeste, de acordo com pesquisa recente do Instituto Locomotiva, encomendado pela 99Pay. O levantamento aponta que 52% dos entrevistados usaram o recurso para emergências financeiras, enquanto 28% utilizam para quitar dívidas em atraso. De acordo com o educador financeiro e coordenador do Núcleo de Inteligência de Mercado da UniFafire, João Paulo Nogueira, quem opta por fazer empréstimo para pagar dívidas deve se planejar financeiramente para que isso não comece a afetar as despesas básicas da renda. 

O educador financeiro orienta que, nesses casos, o cuidado deve ser redobrado, já que uma parte da renda mensal ficará comprometida, apesar da ilusão de alívio momentâneo. “Quando a pessoa pega um empréstimo, uma parcela do seu orçamento mensal vai ser comprometida para pagar esse empréstimo todo mês. No caso de uma pessoa que ganha um salário mínimo, o ideal é que gire em torno de 30% das suas receitas. Esse comprometimento da renda dificulta o pagamento de outras despesas básicas, como alimentação, moradia e saúde”, alerta. 

Ainda segundo ele, o devedor ainda corre o risco de entrar em um “efeito cascata”, tendo que recorrer a um novo empréstimo para se manter. Já que, na maioria dos casos, ainda é necessário levar em consideração as altas taxas de juros. “Termina que a pessoa não consegue pagar as parcelas, porque tem outras despesas como conta de água e luz, que vão continuar chegando, e acaba pegando outro empréstimo para cobrir o primeiro. Esse endividamento em cascata pode levar a um problema crônico que a gente chama de superendividamento”. 

Alta do endividamento e inadimplência 

O endividamento das famílias em abril avançou pelo terceiro mês consecutivo, para 77,6%. O percentual ainda está abaixo do resultado do ano passado, quando atingiu 78,5%, porém é o maior desde agosto de 2024. Os dados são da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada na última quarta-feira (7), pela Confederação Nacional do Comércio (CNC).

No período, a alta do endividamento foi acompanhada pelo crescimento do percentual de inadimplência, que atingiu 29,1%, mesmo nível de janeiro deste ano e superior ao de abril de 2024. Seguindo o movimento, o porcentual de famílias que não terão condições de pagar as dívidas em atraso avançou para 12,4%, interrompendo o fluxo três meses de queda e avançou para 12,4%. O resultado também foi acima do registrado em abril de 2024.

Já no cenário em que a aquisição de empréstimo é feita para solucionar situações emergenciais, João Paulo destaca que, muitas vezes, as pessoas acabam precisando recorrer a essa alternativa porque não têm o costume de criar uma reserva de emergência na sua rotina financeira. “Sabemos que isso não é algo que as pessoas conseguem controlar, pois em determinado momento da vida, por exemplo, ela precisou porque perdeu emprego ou alguém ficou doente na família e ela não tem a cultura de ter uma reserva de emergência, pois nunca foi educada para atuar diante desses casos que podem ocorrer”, afirma.

A pesquisa aponta também que a facilidade do acesso ao crédito tem impulsionado o crescimento pela busca dos empréstimos. Entre os entrevistados, 65% acreditam que contratar empréstimo pessoal hoje é mais fácil do que há dez anos. Diante desses atrativos, é importante que as pessoas comecem a incluir na própria rotina o planejamento financeiro. 

João Paulo orienta que o costume de se planejar financeiramente é uma alternativa para que a pessoa não sufoque ainda mais a renda mensal. O ideal é que a pessoa comece a diminuir as despesas. Por exemplo, uma pessoa que ganha R$ 2.000 e ela paga R$ 500 de empréstimo, na prática ela não ganha R$ 2.000 mais, ela ganha R$ 1.500, porque R$ 500 está comprometido. Então ela vai ter que reajustar o orçamento da família para R$ 1.500, até que ela consiga quitar o empréstimo”, explica. 

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