A explosão do futebol e consolidação do Trio de Ferro Sport, Náutico e Santa Cruz
Após superar dificuldades na origem, futebol vira esporte de massa, com três grandes forças e torcidas
Publicado: 07/11/2025 às 00:30
SANTA CRUZ (ARQUIVO/DP)
A chegada do futebol em Pernambuco é semelhante ao que ocorreu em outros estados, como São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia. A origem se deu por brasileiros que estudaram na Europa e se apaixonaram pelo esporte.
No Recife, a introdução se deu por Guilherme de Aquino Fonseca, que estudou na Inglaterra e voltou à terrinha ávido para disseminar as novidades. Mais: queria fundar um clube, como descreveu Givanildo Alves no livro “A História do Futebol em Pernambuco”.
Existiam duas agremiações esportivas, Clube Internacional de Regatas (1885) e o Clube Náutico Capibaribe (1901), ligados às disputas náuticas. As dificuldades de Guilherme de Aquino foram imensas. Ele chegou a ter várias conversas com os dirigentes do Náutico, mas não conseguiu a adesão ao futebol.
Na época, se dizia que “futebol não era esporte e sim troca de pontapés”. Foi assim que Guilherme de Aquino se juntou aos ingleses funcionários das empresas Great Western e Western Telegraph para jogos na Campina do Derby. Era a gênese do Sport Club do Recife, fundado oficialmente no dia 13 de maio de 1905.
Um grande impulso para o futebol se deu em 1909, com a adesão do Náutico, feita pelo presidente Ernesto Pereira Carneiro. O primeiro Clássico dos Clássicos, como nem assim era conhecido, foi disputado no dia 24 de julho de 1909, no campo do British Club, onde hoje se localiza o Museu do Estado, na Avenida Ruy Barbosa, nas Graças. E deu vitória alvirrubra, 3 a 1.
De acordo com Givanildo Alves, em 1914, o futebol não se limitava ao Sport, Náutico e ingleses. Houve uma verdadeira explosão de times, como o Paulistano, Internacional, Centro Sportivo do Peres, Coligação Esportiva Recifense, Agros, Caxangá, Flamengo, Olinda, Botafogo, João de Barros (América), Velox, Americano, entre outros.
Os principais jornais da época, como o Diario de Pernambuco, mudaram o foco do turfe e do remo para o futebol. É exatamente em 1914 que surge o Santa Cruz Futebol Clube, que viria a consolidar o chamado Trio de Ferro da Capital, ao lado de Sport e Náutico.
Ao longo das décadas, o DP levou aos leitores as alegrias dos títulos e acessos, como também as tristezas de derrotas e rebaixamentos de rubro-negros, alvirrubros e tricolores.
As maiores glórias entraram para a história, como a capa “Sport, o Brasil é Teu”, sobre o título do Campeonato Brasileiro de 1987. O glorioso hexa do Náutico, de 1963 a 1968, também foi registrado com brilhantismo, assim como o penta do Santa Cruz, de 1969 a 1973.
OUTROS CLUBES
Com o avançar do tempo, mais times foram surgindo e virando também grandes bandeiras de Pernambuco. De Caruaru, o Central Sport Club também ostenta a condição de clube centenário.
Fundado em 15 de junho de 1919, possui uma torcida fervorosa e representa uma grande cidade do interior, a Capital do Forró, no Agreste pernambucano.
No entanto, a maior glória de um clube interiorano é do Salgueiro, campeão estadual em 2020, em vitória nos pênaltis diante do Santa Cruz no Arruda.
Infelizmente, o único campeão pernambucano do interior está sem atividade atualmente. Outros vencedores foram extintos, como o Flamengo (1915), Torre (1926/1929 /1930) e Tramways (1936/1937). O América, seis vezes campeão (1918/1919/1921/1922/1927/1944) hoje tenta voltar aos dias de glória.
Já o Íbis Sport Club ganhou o status de Pior Time do Mundo, pela sequência de derrotas nas décadas de 1970 e 1980. O Pássaro Preto tem fama internacional e muitos seguidores nas redes sociais.