Diabetes, um alerta para o mundo

Geísa Macedo
Coordenadora do departamento de neuropatia e pé diabético da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), presidente do Instituto Brasileiro de Diabetes (Ibradi), vice-presidente regional da Federação Nacional das Associações e Entidades de Diabetes.

Publicado em: 14/11/2018 03:00 Atualizado em: 14/11/2018 06:10

Diabetes Mellitus, doença conhecida pela humanidade desde os papiros do Egito, há anos vem se constituindo em uma epidemia mundial, com números crescentes e com consequências desastrosas, para indivíduos e para o sistema de saúde pública e privada. Atualmente temos 425 milhões de pessoas com diabetes no mundo e o Brasil ocupa o quarto lugar, com cerca de 13 milhões, perdendo apenas para China, Índia e Estados Unidos. O maior custo financeiro do diabetes para a saúde pública, é a quantidade de complicações que surgem com a doença fora do controle adequado. As publicações científicas apresentam provas incontestes disso. Mas, se a glicemia, juntamente com a pressão arterial e os lipídeos forem mantidos sob controle, é possível evitar ou minimizar as complicações.  

Estudos feitos no Brasil mostram que 50% das pessoas portadoras de diabetes não sabem que têm a doença, mostrando que o diagnóstico é feito tardiamente, e essa é uma das causas de metade das pessoas apresentarem complicações crônicas no momento do diagnóstico. As complicações mais frequentes são retinopatia (maior causa de cegueira em adultos), neuropatia periférica, doença cardiovascular, doença arterial periférica e insuficiência renal. Diabetes é a maior causa de amputação não traumática de membros inferiores, chegando à estarrecedora estatística de 3 amputações por minuto no mundo. Cada complicação do diabetes gera um grande número de desdobramentos e demandas sociais, pessoais, familiares e para a saúde pública e privada, com custos enormes. Lembrando que isto é evitável, se houver bom controle da doença, o que inclui - e é fundamental - informação e orientação, que chamamos de educação em diabetes.

É preciso uma rede de atenção ao diabético, ou seja, uma equipe multidisciplinar, onde agentes de saúde, enfermeiros, nutricionistas, ortesistas, psicólogos e médicos (endocrinologistas, cirurgiões vasculares, ortopedistas, e oftalmologistas) trabalhem unidos como uma força- tarefa, na luta contra essa epidemia. É preciso centros de referência específicos, treinados para lidar com essa epidemia. Como foi feito com dengue e zika. A abrangência do diabetes é muito maior que essas duas doenças juntas. É por isso que existe o Dia Mundial de Luta contra o diabetes em 14 de novembro, quando 170 países fazem ações para chamar atenção para esta causa. Na verdade, todo o mês de novembro, chamado de novembro azul, é dedicado ao diabetes e a iluminação em azul de monumentos e pontos importantes das cidades chama atenção para isso. Este ano o slogan da campanha é “O diabetes diz respeito a toda a família” mostrando a importância da participação e apoio da família nesse contexto.

O símbolo do diabetes é um círculo azul, significando a união de todos os povos na luta contra essa epidemia. Dentro dessa mesma visão, a Sociedade Brasileira de Diabetes(SBD), a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) e o Instituto Brasileiro de Diabetes-Ibradi estarão fazendo uma campanha de orientação e detecção de diabetes no Shopping RioMar, hoje, das 13h às 18 horas, no térreo. Serão realizados testes de glicemia capilar, avaliação da pressão arterial, medição de circunferência da cintura, aplicação de questionário para avaliação do risco de diabetes, pé de risco, orientação nutricional, entre outros. Vamos unir forças para divulgar orientação, educação e cuidados na luta contra a epidemia de diabetes.

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