Tem como vencer o PT e Bolsonaro

Cláudio Lacerda
Cirurgião. Professor da UPE e da Uninassau

Publicado em: 03/10/2018 03:00 Atualizado em: 03/10/2018 08:41

Em nenhum outro momento da história da nossa nação, ficou tão clara a necessidade de equilíbrio, de sensatez, de tolerância e de patriotismo, em busca de um grande pacto entre as forças políticas e os diferentes segmentos sociais que representam.  Em nenhum momento da nossa história se viu tanto maniqueísmo, tanto ódio, tanto embrutecimento, tanta radicalização.

De um lado, um candidato messiânico de direita – nesse aspecto parecido com Jânio e Collor, embora, diferentemente deles, com evidentes limitações intelectuais –, pregando o que boa parte da sociedade – interessada apenas no que diretamente a afeta –, quer ouvir: rearmamento, bandidos na cadeia, fim da corrupção, satanização dos que defendem os direitos humanos.  Para esses brasileiros, problemas como estagnação econômica, déficit fiscal, educação, saúde pública, meio ambiente e principalmente pobreza, são menos relevantes. Pouco lhes importam as razões que levam um menor favelado à criminalidade ou quantos se tornarão criminosos nos próximos dias.  O que conta mesmo é reduzir a maioridade penal para metê-los na cadeia, porque assim se sentirão mais seguros e vingados. Tampouco lhes importa a inclusão social de minorias, como as de negros e homossexuais. Porque, no fundo no fundo, carregam consigo os mesmos sentimentos inconfessos de racismo e homofobia, inquestionavelmente implícitos nas declarações e nos gestos do seu novo líder. Por isso, eles se sentem representados.

Do outro lado, o candidato de Lula. Do PT, cujo governo, justiça seja feita, aproveitou bem a herança de uma era de prosperidade econômica e promoveu grandes avanços sociais para milhões de brasileiros de baixa renda. Entretanto, revelou-se de todo incompetente e perdulário na gestão macroeconômica, dando origem à devastadora crise por que hoje passa o país, e, ao final, perdeu-se  num projeto de poder pelo poder, que ensejou um dos períodos mais deprimentes da nossa história republicana: de roubalheira e pilhagem da coisa pública. Trata-se de um candidato liderado por um presidiário que, depois de exercer plenamente seu direito de defesa, foi condenado em todas as instâncias por crime de corrupção. Pior é que, não obstante se mantenha idolatrado por um enorme contingente de brasileiros, ele não faz uso do próprio carisma para conclamar seus seguidores à tolerância, à concórdia, à pacificação, à cooperação com um projeto de desenvolvimento nacional, com perspectiva de tirar o país do “buraco negro” em que se encontra.

Essas duas opções podem ser evitadas. É meio utópico, eu sei. Mas vale insistir: se os candidatos mais ao centro – Ciro, Alkmin, Marina, Amoedo, Meirelles e Álvaro – sentassem à mesa e renunciassem coletivamente em favor de um deles, efetivamente compromissado com um governo de coalizão e salvação nacional, com a participação dos seis. Segundo as pesquisas, esse candidato venceria facilmente o Haddad no primeiro turno e o Bolsonaro no segundo. Ainda há tempo para salvar-se a democracia e a esperança, no Brasil.

Sem isso, só nos restará apelar para Deus e pedir a Ele que nos acuda!

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