Pernambuco no ranking de competitividade

Alexandre Rands Barros
Economista, PhD pela Universidade de Illinois e presidente do Diario de Pernambuco

Publicado em: 29/09/2018 03:00 Atualizado em: 30/09/2018 22:00

O CLP Lideranças públicas, com o apoio da The Economist Intelligence Unit e da consultoria Tendências, vem calculando um índice de competitividade dos estados brasileiros. Esse trabalho pode servir de base para identificar a evolução da competitividade geral e em áreas específicas nos diversos estados brasileiros, bem como a posição relativa de cada um deles. Os resultados servem também para se fazer a avaliação do desempenho relativo dos governos de estado em cada uma das áreas e obviamente para que a população possa cobrar desempenho de seus governos. Para os agentes privados, esse ranking, assim como o desempenho em cada um de seus componentes, pode servir de base para uma avaliação inicial de para onde direcionar seus investimentos, mesmo que obviamente qualquer decisão deva ser fundada em estudos mais aprofundados.

Pernambuco caiu no índice geral de competitividade dos estados da 13º posição em 2015 para a 20º posição no ranking nacional. Ou seja, saímos de uma posição de estado atrativo para investimentos e bem administrado para um estado em situação deplorável, entre os com pior desempenho no país. O Ceará, por sua vez, estava em 12º no ranking em 2015 e manteve essa mesma posição em 2018, ficando bem melhor do que Pernambuco. A Bahia, outro estado importante no Nordeste, também deteriorou sua posição no ranking, caindo de 14º para 22º. Somente esse estado, entre todos, teve queda de posições no ranking superior a Pernambuco entre 2015 e 2018. Por esse critério podemos dizer que Pernambuco foi o segundo estado que mais sofreu no mandato dos atuais governadores.

As 10 áreas abordadas para compor o índice principal aparecem a seguir já com a posição de Pernambuco no ranking entre os estados em 2015, início do Governo Paulo Câmara, e 2018, último ano desse governo. Segurança pública (22º; 27º), sustentabilidade social (15º; 17º), infraestrutura (13º; 12º), educação (13º; 18º), solidez fiscal (9º; 8º), eficiência da máquina pública (7º; 12º), capital humano (23º; 16º), inovação (11º; 10º), potencial de mercado (20º; 26º) e sustentabilidade ambiental (19º; 12º). Esses números mostram que em segurança pública, por exemplo, Pernambuco possuía a 22ª posição no ranking em 2015 e caiu para a 27ª em 2018. Essa é a lógica seguida com os números entre parênteses. A partir desses números, pode se ver que o estado é particularmente ruim em segurança pública, educação e potencial de mercado. Desses, dois indicadores especificamente dependem essencialmente da política do governo estadual, que são a segurança pública e a educação. Por outro lado, Pernambuco tem bom desempenho em solidez fiscal e inovação. O peso maior em inovação depende pouco do governo do estado e mais do governo federal, junto com o próprio desempenho dos pesquisadores locais, a maioria vinculada à Universidade Federal de Pernambuco. Já em solidez fiscal a atuação do governo, dentro de sua forte lógica fazendária, foi essencial.

Esse ranking é um indicador parcial de desempenho futuro da economia, pois mostra quão preparados estão os estados para atrair investimentos. Nesse contexto, fica óbvio que precisamos melhorar, pois perdemos muitas posições em relação aos demais estados. Pernambuco precisa de uma administração mais focada no desenvolvimento do estado e talvez menos preocupada apenas com a gestão do caixa do governo. Não está incluído nesses índices, mas precisamos fortemente de uma desburocratização em Pernambuco. A gestão atual tornou a população refém da burocracia, que é tanto autoritária como lenta. Um maior controle dos processos e a introdução da gestão por resultados também na burocracia, livre da lógica punitiva aos agentes privados, como predomina hoje, pode ser um passo fundamental para acelerar o nosso processo de desenvolvimento.

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