Editorial Desafios da longevidade

Publicado em: 29/09/2018 03:00 Atualizado em: 30/09/2018 22:00

Os avanços na medicina e as melhorias na qualidade de vida impactaram o aumento da longevidade no Brasil. Os idosos já superam a marca de 30 milhões de pessoas, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Até 2060, a expectativa é de que o país tenha 58,2 milhões de pessoas acima dos 65 anos.

Essa população cada vez mais ativa busca um envelhecimento saudável, consome, muitos ainda estão no mercado de trabalho e grande parte é responsável pelo sustento das famílias. Segundo pesquisa divulgada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), atualmente, os idosos representam mais de 7% da força de trabalho no país. A aposentadoria ativa cresce e o número de famílias mantidas por idosos também aumenta.

Depois de amanhã, 1º de outubro, é o Dia Internacional do Idoso. A data foi criada com o objetivo de debater e conscientizar a sociedade sobre os direitos e as necessidades das pessoas idosas. Em um país que vê crescer rapidamente a população com mais de 60 anos, é fundamental desenvolver políticas e estratégias para garantir um envelhecimento com qualidade de vida, acesso à saúde e dignidade.

Num momento em que o desemprego atinge quase 13 milhões de pessoas no Brasil, as oportunidades para trabalhadores com mais de 60 anos foram reduzidas drasticamente, como mostra pesquisa do Ipea. Este ano, 23% dos trabalhadores nessa faixa etária conseguiram uma colocação, queda de 5% em relação a 2012, quando 28% foram absorvidos pelo mercado.

Diante disso, como garantir a eles a possibilidade de se manter ativos, com uma aposentadoria digna, saúde e qualidade de vida? O aumento da expectativa de vida impõe desafios para as políticas públicas no país. Como conciliar os direitos a uma aposentadoria digna com uma previdência falida? Essa é uma equação que precisa envolver toda a sociedade. A reforma da Previdência é fundamental, ninguém tem dúvida disso. Entretanto, a discussão passa por um modelo que atinja todas as classes envolvidas e não apenas algumas classes de aposentados.

Como a expectativa é de uma alteração nos percentuais de jovens, adultos e idosos no Brasil, com o país envelhecendo, nossa população economicamente ativa tende a diminuir no futuro, aumentando o número de aposentados. A política governamental tem que contemplar formas de inserir os idosos na população economicamente ativa. Como fazer? Esse é o desafio. Não temos tanto tempo como pensamos para agir.

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