Do diagnóstico ao tratamento personalizado

Henrique Castelletti
Biólogo, doutor em biotecnologia, pesquisador do Laboratório de Imunopatologia Keizo Asami (LIKA), Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)

Publicado em: 15/09/2018 03:00 Atualizado em: 15/09/2018 05:34

Todo paciente é único, tem seu próprio histórico genético, o que indica que deve receber cuidados individualizados desde a investigação clínica dos sintomas até o início do tratamento. A combinação de sistemas de biosensoriamento com as técnicas de liberação controlada de medicamentos está quebrando paradigmas na medicina, sendo uma nova fronteira da saúde.

Esta medicina precisa é uma abordagem emergente, com foco na saúde do paciente, que leva em conta a variabilidade individual de genes (hereditariedade), o ambiente e o estilo de vida da pessoa, contrastando com a abordagem generalizada, na qual as estratégias de tratamento e prevenção da doença são desenvolvidas para grupos de indivíduos.

Nesta busca por precisão no diagnóstico, dispositivos como os biossensores de DNA estão sendo usados na detecção de doenças virais, bacterianas e até mesmo em mutações genéticas, como no câncer, e auxiliarão na tomada de decisão do melhor tratamento. Estes dispositivos, portáteis e de fácil manuseio, poderão ser levados a campo, ajudando no diagnóstico rápido em um estado de emergência. Com o crescente desenvolvimento sobre sistemas de liberação controlada de medicamentos, baseados em nanopartículas, a precisão desejada começa a ser alcançada. Várias drogas anticâncer foram formuladas com sucesso, utilizando nanomateriais, e pesquisas recentes buscam entender as interações entre os materiais utilizados e o meio biológico, fazendo com que o conjunto seja tratado como um sistema único. No futuro, nesta era tecnológica, não será mais necessário que o médico teste diversas terapias, buscando a que melhor se adequa ao paciente. Este se utilizará do diagnóstico molecular para avaliar o tratamento mais adequado e de maior precisão para cada indivíduo.

Neste cenário surgiu o Simpósio Internacional de Diagnóstico e Terapêutica (SINATER) promovido pelo Laboratório de Imunopatologia Keizo Asami (LIKA), da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Em sua nona edição, o simpósio reunirá de 19 a 21 de setembro de 2018, especialistas clínicos, pesquisadores locais e estrangeiros para debater o tema. Este ano o evento tem como objetivo promover a atualização sobre doenças emergentes como as arboviroses (Zika, Chikungunya e Dengue), antes consideradas de baixo impacto na incapacidade e mortalidade global, e hoje são doenças epidêmicas.

O evento acontecerá em conjunto com o Simpósio Internacional de Doenças Raras (RDIS), parceria entre o LIKA e a UCL de Londres, propiciando o compartilhamento de pesquisas que possam auxiliar no diagnóstico de doenças poucos conhecidas. Isoladamente, as doenças são raras, mas em conjunto estima-se que existam 8 mil, 80% delas de origem genética. Só no Brasil, 13 milhões de pessoas são afetadas por alguma doença rara.

Com este encontro o LIKA-UFPE pretende propagar e discutir propostas de novas abordagens que enfrentem os desafios da saúde pública, melhorando o panorama que está sendo traçado para o século 21.

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