Recuperação econômica em Pernambuco

Alexandre Rands Barros
Economista, PhD pela Universidade de Illinois e presidente do Diario de Pernambuco

Publicado em: 18/08/2018 03:00 Atualizado em: 19/08/2018 20:55

As últimas informações disponíveis da PNAD trimestral sinalizam para um início da recuperação econômica em Pernambuco. A massa salarial no primeiro semestre de 2018 cresceu 4,8% quando se compara ao mesmo período de 2017. No Brasil, esse crescimento foi de apenas 2,2% e no Nordeste como um todo, ele foi de 2,5%. Ou seja, a recuperação aqui tem sido mais acelerada do que no resto do Brasil e no Nordeste nesse ano. Tal resultado era de se esperar já que a queda da renda foi mais acentuada aqui no estado. Se compararmos a massa de rendimento do trabalho do primeiro semestre de 2018 com essa mesma variável no primeiro semestre de 2014, observa-se uma queda de 13,7% em Pernambuco e apenas de 2,1% no Nordeste e um crescimento de 3,4% no Brasil. Ou seja, no Brasil como um todo a renda do trabalho já superou os níveis de 2014, enquanto no Nordeste ela caiu pouco e em Pernambuco a retração ainda está muito forte. Na Região Metropolitana do Recife essa queda foi ainda mais elevada, atingindo 25,6%.

A evolução da taxa de desemprego também aponta nesse sentido da recuperação, mas só no segundo trimestre. O emprego normalmente reage de forma mais lenta do que a renda. Por isso, essa defasagem já seria esperada. No segundo trimestre a taxa de desemprego em Pernambuco caiu 1,9 pontos percentuais, de 18,8% para 16,9%, quando se compara ao segundo trimestre de 2017. No Brasil essa queda foi de 0,6 pontos percentuais e no Nordeste de 1,0 ponto. Mas vale salientar que a taxa ainda terminou muito mais alta em Pernambuco do que as médias nacional e regional. Quando se compara a 2014, o aumento da taxa foi muito elevada nos três espaços territoriais, mas em Pernambuco atingiu 9,0 pontos percentuais, bem acima do que ocorreu no Brasil, 5,6, e no Nordeste, 6 pontos. Ou seja, ainda há um longo caminho a percorrer para que Pernambuco, o Nordeste e o Brasil recuperem os níveis de desemprego que havia antes da crise. Esse caminho é bem mais longo em Pernambuco.

Vale observar que o interior de Pernambuco já se recuperou mais da crise. A massa de rendimentos do trabalho no primeiro semestre cresceu 12,4% quando se compara a mesmo período do ano anterior e 10,7% quando se compara ao primeiro semestre de 2014. A taxa de desemprego, contudo, ainda está bem superior ao primeiro semestre de 2014. Ela esteve 8,4 e 8,7 pontos percentuais acima dos valores encontrados no primeiro e segundo trimestre, respectivamente, apesar de em 2018 essa taxa ter sido mais baixa no segundo trimestre do que a verificada no mesmo trimestre de 2017 (2,7 pontos percentuais). Ou seja, a recuperação verificada nos rendimentos deveu-se ao crescimento do rendimento individual médio, já que houve queda na população ocupada entre 2014 e 2018.

As perspectivas para o segundo semestre é que a recuperação continue, mas de forma lenta, dadas as incertezas geradas pelas eleições. Os impactos das eleições para presidente são os mais importantes economicamente, por afetarem a política macroeconômica futura de forma geral. Por isso, eles são sentidos tão fortemente em todos os estados, incluindo Pernambuco. Entretanto, se as perspectivas forem de que em nosso estado surja das urnas um governo mais inovador e que seja capaz de pôr o estado nos caminhos das mudanças estruturais que ocorrem no país e no mundo atualmente, as perspectivas de crescimento serão maiores aqui, dados os resultados e incertezas nacionais. Isso elevará relativamente o desempenho de nossa economia já no segundo semestre, especialmente no último trimestre.

Os comentários abaixo não representam a opinião do jornal Diario de Pernambuco; a responsabilidade é do autor da mensagem.