Iatrofobia, a síndrome do jaleco branco

Giovanni Mastroianni
Advogado, administrador e jornalista

Publicado em: 20/04/2018 03:00 Atualizado em: 20/04/2018 09:26

Poucos dicionários registram o verbete iatrofobia, palavra originária do grego “iatros”, que significa “curador” e “phobos”, cuja acepção é temor profundo ou, simplesmente, pavor.

Em linguagem mais simples, iatrofobia quer dizer medo de médico, expressão como também são conhecidas: “síndrome do jaleco branco”, “hipertensão de consultório”, “síndrome da bata branca” ou então “hipertensão do jaleco branco”.

São os principais responsáveis por tais fobias: sangue, ferimentos e agulhas, principalmente em crianças, apesar de muitos adultos também sofrerem dessa enfermidade. Esses fatores influem, decisivamente, para que os portadores de iatrofobia se esquivem de laboratórios, consultórios, médicos e até hospitais, mesmo em casos emergenciais, quando imprescindíveis. Evitam até as vacinas ou exames de sangue, quando obrigatórios. Na presença de médicos, igualmente técnicos de enfermagem, muitos sofrem verdadeiros ataques de pânico e consequentes aumentos de pressão arterial e até mesmo taquicardia, quando não náuseas, que são sensações desagradáveis no estômago, seguidas ou não de vômitos, além de diversos outros incômodos gastrointestinais.

Justificam-se tais fobias receio às agulhas, visão de traumas diversos, doentes acidentados e até por verem pessoas mortas. Associam-se a esses temores, entre outros, erros cirúrgicos, más práticas médicas, além das costumeiras infecções hospitalares.

A maioria dos casos de iatrofobia acontece ainda na infância, apesar de ocorrer, também, com adultos, quando necessitam fazer uma consulta médica. Externam essas fobias, também, através de excitação nervosa, tensão muscular e tremedeiras. Às vezes, também, versões sobre certos erros médicos podem influir negativamente, ensejando medo àqueles que, além da bata branca, portam estetoscópio. Muitos pacientes apresentam pressão normal em seus habitats, mas têm hipertensão perante médicos. Mesmo na ausência do facultativo, iatrofóbicos, temerosos de doenças, transformam-se em autênticos hipocondríacos, quando acometidos de corriqueiras doenças como febres, gripes, resfriados ou simples tosses, com receio de se defrontarem com esculápios, em clínicas e hospitais. Muitos dos argumentos que justificam o medo aos jalecos brancos dos médicos aplicam-se, igualmente, às batas dos odontologistas.

É positivo afirmar-se que há tratamentos para quem tem pavor a médico, entre os quais se inclui a respiração profunda, no momento do encontro, pois, passado o receio, vem o alívio alentador.

Confessar seus temores ou deficiências aos que portam batas brancas são fatores psicológicos positivos e ajudam no tratamento para a cura do medo. Médicos e dentistas costumam associar músicas bem suaves com efeito calmante, obtendo resultados psicológicos positivos. Se o leitor se enquadra perfeitamente como um iatrofóbico, é bom saber que uma combinação de psiquiatria e medicamento é a melhor solução para o problema.

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