Alaíde Costa é convidada de Zé Manoel e Amaro Freitas em tributo ao 'Clube da Esquina'
Única mulher que participa no 'Clube da Esquina', Alaíde Costa participa de show especial de Zé Manoel e Amaro Freitas amanhã, no Teatro Guararapes, em show dedicado ao histórico álbum
Publicado: 11/06/2025 às 07:49

Amaro Freitas e Zé Manoel se apresentam ao lado de Alaíde Costa (Foto: Renata Casagrande/Divulgação)
O Clube da Esquina não é reconhecido como um dos maiores álbuns da MPB apenas pela genialidade de Milton Nascimento e Lô Borges. Sua grandiosidade também se deve à contribuição fundamental de artistas como Beto Guedes, Fernando Brant e Flávio Venturini. No meio desse time masculino, brilha o canto de Alaíde Costa, que resplandece como a única voz feminina na gravação original, dividindo os vocais da canção Me Deixa em Paz, ao lado de Milton.
Nesta quinta-feira (12), a presença dela vai abrilhantar ainda mais o tributo ao álbum, conduzido com maestria pelos artistas Zé Manoel e Amaro Freitas, no palco do Teatro Guararapes. Vivendo seu auge aos 89 anos, Alaíde recebeu o convite enquanto sua discografia não para de crescer, com dezenas de álbuns lançados já neste século, entre eles O Que Meus Calos Dizem Sobre Mim, E o Tempo Agora Quer Voar e Uma Estrela para Dalva. “Eu vou continuar cantando até não poder mais”, garante a veterana, em conversa exclusiva com o Viver.
Acompanhados por Sidiel Vieira (baixo acústico), Henrique Albino (sopros) e Rodrigo Braz (bateria), Zé Manoel e Amaro Freitas propõem uma dinâmica de palco variada, alternando entre momentos de piano a quatro mãos, solos vocais e percussivos, além de interações com a plateia. Quando ela já estiver enfeitiçada pela música, será a vez da grande dama surgir em cena, emprestando sua voz em Nada Será Como Antes, Dos Cruces e, claro, a inesquecível Me Deixa em Paz. “É muito especial participar dessa homenagem porque me traz lembranças especiais”, revela a diva.
Alaíde já havia se destacado em importantes programas de calouros do rádio e se profissionalizado como crooner desde 1956 quando lançou sua primeira composição, Tens que Pagar, em parceria com Airton Amorim. Nesse mesmo período, frequentou as reuniões na casa do pianista Bené Nunes a convite de João Gilberto, participando dos primeiros diálogos que gestaram a Bossa Nova. Apesar dessa proximidade com o movimento seminal, seu nome não recebeu o mesmo reconhecimento que seus pares masculinos, em uma omissão histórica que apenas recentemente começou a ser corrigida.
Ofuscada durante anos, uma nova oportunidade surgiu em um encontro quase fortuito. Nos bastidores do clássico programa Almoço com as Estrelas, Alaíde e Milton Nascimento se conheceram. Ali, o mineiro ouviu, pela primeira vez, Me Deixa em Paz, ainda com os traços de marchinha de carnaval que a cantora sempre achou festiva demais para o tom que desejava imprimir à canção. “Nunca enxerguei alegria nela. Gostava da ideia de tristeza e pensei: ‘Um dia vou cantar essa música em uma versão minha’”, relembra.
Após a apresentação, Milton a convidou para integrar um LP que estava em produção. “Nossa gravação foi essencial para o Clube da Esquina”, afirma Alaíde, cuja carreira também ganhou novo fôlego, com contratos e projeção inéditos. “Foi um divisor de águas para ele, para mim e para a música brasileira”, ressalta. É com essa mesma voz que ela reivindica, no Teatro Guararapes, o lugar que nunca deixou de ser seu. Amanhã, essa grande dama estará entre nós.

