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Incêndio apaga memória viva do cinema e da cultura popular pernambucana

Prédio histórico que abrigava o antigo Cinema Glória, inaugurado em 1926, é parcialmente destruído por incêndio

Por Derick Souza

Arquivo PCR
Cine Glória em 1976

Na noite da última sexta-feira (16), um incêndio de grandes proporções consumiu a Galeria Glória, situada na Rua das Calçadas, no coração do Recife, destruindo uma parte significativa do prédio que abrigava o antigo Cinema Glória, um marco histórico e símbolo da cultura pernambucana, inaugurado em 4 de setembro de 1926.

Erguido no local onde funcionava o antigo Cinema Popular, com sua imponente fachada voltada para a Praça Dom Vital, o espaço guardava quase um século de histórias, memórias e vivências culturais que agora se veem ameaçadas pela tragédia.

No combate às chamas, o Corpo de Bombeiros Militar de Pernambuco mobilizou 12 viaturas para enfrentar o fogo que atingiu três estabelecimentos. Ainda em rescaldo, as operações contaram também com a presença da Neonergia, Polícia Militar, Guarda Municipal e Defesa Civil, esta última acionada devido ao risco de comprometimento estrutural nos imóveis atingidos.

O Cinema Glória, apesar de seu porte modesto, era um ícone estimado, conhecido por sua divisão histórica entre primeira e segunda classes, que somava 351 lugares após a extinção dessa separação, além de abrigar elementos originais preservados desde a sua fundação, como a tela, a cabine de projeção, os portões de ferro e os balcões laterais.

Embora tenha realizado sua última sessão em agosto de 1984, o cinema seguia como um relicário vivo da memória cinematográfica e cultural de Pernambuco, testemunhando quase 100 anos de arte, cultura e história. O incêndio não destruiu apenas um prédio, mas apagou um pedaço irrecuperável da identidade artística e cultural do Recife e de todo o estado.