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Entre luzes e lutas, boate Metrópole celebra 23 anos

Boate mais antiga do Nordeste, Club Metrópole sopra as velas com grande festa neste sábado (17)

Allan Lopes

Publicado: 16/05/2025 às 08:59

Club Metrópole/Foto: Crys Viana/DP Foto

Club Metrópole/Foto: Crys Viana/DP Foto

Uma metrópole se define pela influência cultural, econômica ou simbólica que exerce ao redor. Localizado na Rua das Ninfas, no bairro da Boa Vista, o Club Metrópole espelha esse conceito à sua maneira, sendo um polo de diversidade, resistência e afirmação da cultura queer no Recife. Seus 23 anos de atividade ininterrupta serão celebrados neste sábado (17) com uma grande festa, da forma que Maria do Céu, fundadora e dona da casa, consagrou como tradição desde a primeira noite.

Tamanha longevidade se traduz também em relevância: a Metrópole é considerada a boate LGBTQIAPN+ mais antiga em funcionamento no Nordeste e a terceira do país, atrás apenas da La Cueva, no Rio, e da Blue Space, em São Paulo. “O que construímos nesse tempo vai muito além do espaço físico. A gente conseguiu levantar essa estrutura toda, mas, mais importante do que isso, foi construir uma empresa que gera orgulho na comunidade. Um lugar que é respeitado e que também respeita”, afirma Maria do Céu, em conversa exclusiva com o Viver.

Além de abrigar histórias de clientes e artistas, o espaço é um testemunho da cultura queer recifense. Foi neste mesmo prédio que a Misty inovou com música eletrônica, performances e teatro. Em 1994, veio a Dark Froid, já com Maria do Céu na produção. Depois da saída do sócio majoritário, ela manteve o local alugado por um ano para preservar o local, até fundar, em 2002, o Club Metrópole, com suas famosas pistas New York no térreo e Bar Brasil no andar superior. “O nome combina com o espírito de uma balada. Remete à luz da cidade, ao movimento noturno, aos engarrafamentos de gente, a essa energia elétrica que pulsa na vida urbana”, ressalta ela.

A New York, coração da casa, acaba de passar por uma transformação radical, com novo sistema de som e iluminação, layout redesenhado e, não menos importante, elementos de acessibilidade que ampliam seu alcance. Tudo será revelado na festa de amanhã. “Foi como tirar o coração da casa, colocar numa máquina, cuidar com extremo zelo e depois devolvê-lo”, descreve Maria do Céu. “Na minha cabeça, é quase como se eu estivesse entregando a Metrópole para o mundo outra vez”, celebra.


Entre os destaques da noite está Filipe Guerra, DJ pernambucano que começou na escolinha de DJs da casa e hoje tem carreira internacional. A programação inclui ainda Las Bibas from Vizcaya, artista com raízes na Misty e hoje residente do selo espanhol Matinée. “Me sinto muito grata. Esse retorno é impagável. Acredito que colhemos o que plantamos. E nós plantamos coisas lindas”, emociona-se a dona. Reformada e renovada, o Club Metrópole ganha ainda mais fôlego para os próximos capítulos.

 

 

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