Mais de 300 mil pessoas vivem em Unidades de Conservação; Censo aponta esgoto precário
Dados foram divulgados, nesta sexta (11), pelo IBGE. População que se identifica como parda é a maioria dos residentes nessas áreas
As Unidades de Conservação (UCs) em Pernambuco abrigam 317.458 moradores. Esse número representa 3,50% da população total do estado.
Dessas unidades ocupadas, mais da metade dos moradores (51,16%) vive em casas com esgoto precário.
É que mostram dados do censo 2022, divulgados, nesta sexta (11), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Ainda segundo o levantamento do Censo 2022, a população que se identifica como parda é a maioria dos residentes em Unidades de Conservação.
Isso significa um total de 193.968 pessoas (61,1%). Depois, aparecem brancos, com 83.822 pessoas (26,40%), e pretos, com 38.186 (12,03%).
Os povos e comunidades tradicionais, quilombolas, representam 3.458 pessoas em unidades desse tipo. Os indígenas são 1.015 pessoas.
Quase a totalidade da população que reside nessas unidades, (311.497 pessoas) está em áreas de uso sustentável, como áreas de proteção ambiental e reservas extrativistas.
As áreas de proteção ambiental (APAs) constituem o espaço de moradia de quase toda a população residente em UCs, com 293.862 pessoas no estado.
Precariedade
A pesquisa também identificou 34 UCs com pessoas residentes, e outras 57 sem habitantes.
Dessas UCs com ocupação, mais da metade dos moradores (51,16%) vivem em domicílios com pelo menos uma categoria de precariedade com relação ao esgotamento sanitário.
Já 72.889 pessoas, ou 23,58% da população das UCs, lidam com precariedade de ter o lixo queimado na propriedade, ou enterrado, ou jogado em terreno baldio, encosta ou área pública, ou outro destino sem que a coleta de serviço de limpeza seja providenciada.
Nas UCs de Pernambuco, 2.792 (2,67%%) dos domicílios não tinham banheiro ou sanitário.
Isso atingia um total de 8.915 pessoas vivendo nessa condição de precariedade. Em Unidades de Proteção Integral, existiam 192 domicílios nessa condição.
No Brasil
No Brasil, apontou o Censo 2022, 11,8 milhões de pessoas vivem em áreas de conservação ambiental, isso representa 5,82% da população brasileira.
O instituto identificou que o Brasil tem 2.365 unidades de conservação, sendo 1.138 (48,11% delas) habitadas. Em 1.227 não foi identificada a presença de habitantes. Por ser a primeira vez em que o IBGE coleta os dados, não é possível fazer comparações com censos anteriores.
As unidades de conservação visitadas pelos recenseadores se dividem entre unidades de proteção integral - que reúnem áreas como reservas biológica, parques e monumentos naturais – e unidades de uso sustentável - que congregam regiões como florestas, reservas extrativistas, de fauna e áreas de proteção ambiental (APA).
Do total de unidades, 861 são de proteção integral e 1.504, de uso sustentável. A pesquisa identificou que 98,73% dos moradores se situam nas unidades de uso sustentável.
Características
Dos quase 12 milhões de moradores dessas áreas de preservação, 9,3 milhões estão em áreas urbanas (78,71%), e 2,5 milhões (21,29%) em regiões rurais. Para efeito de comparação, na população brasileira como um todo são 87,41% em áreas urbanas e 12,59%, rurais.
As áreas de conversação podem ser administradas nas esferas federal, estadual e municipal. O suplemento do Censo 2022 aponta que a maior parte dos moradores dessas áreas, 66,47%, vivem em região de administração estadual; 20,81%, federal; e 10,94%, municipal. As demais são áreas onde a administração é de mais de uma esfera político-administrativa.
Cor ou etnia
O IBGE apresentou uma classificação étnico-racial da população (cor ou raça, pessoas indígenas e pessoas quilombolas) que vive em área de preservação ambiental.
O estudo revela que os pardos são mais da metade dos habitantes dessas áreas:
Pardos: 51,12%
Brancos: 35,82%
Pretos: 11,92%
Quilombola: 2,39%
Indígena: 1,12%
O total supera 100%, pois indivíduos que se identificam como indígenas ou quilombolas podem também se apontar como integrante de outros grupos.
Enquanto os pardos são mais da metade (51,12%) dos habitantes dessas áreas, representam 45,34 da população brasileira.
Os brancos, que são 43,46% da população brasileira, representam pouco mais de um terço dos moradores de áreas de preservação (35,82%).
Focando especificamente na população indígena e na quilombola, o IBGE apurou que 7,84% da população indígena reside em unidades de conservação (132,8 mil pessoas). Entre os quilombolas, são praticamente um em cada cinco (21,22%), agrupando 282,2 mil pessoas.
Condição dos domicílios
A pesquisa mostra que 40,34% dos moradores viviam em domicílios onde havia pelo menos uma precariedade em relação ao abastecimento de água, à destinação do esgoto ou à coleta de lixo. Na população brasileira, essa proporção é de 27,28%.
O estudo mostra anda que 7,31% dos habitantes residiam em lares em que existiam conjuntamente as três formas de precariedade (água, lixo e esgoto). Isso representa mais que o dobro da proporção (3%) do país como um todo.
Em relação ao abastecimento de água, o Brasil tem 93,95% dos moradores cuja casa está na rede geral de distribuição, tem poço, fonte, nascente ou mina encanada até dentro do domicílio. Nas áreas de conservação, essa marca se reduz para 87,54%.
Em relação ao esgotamento sanitário, 24,26% dos habitantes convivem com precariedade, como fossa rudimentar, buraco, vala, ou sem esgotamento. Nas áreas delimitadas, a proporção sobe para 36%.
Cerca de 90% da população brasileira têm coleta direta ou indireta de lixo. Nas áreas de conservação, são apenas 83,62%.