Fé que se desenha no chão: a tradição centenária dos tapetes de Corpus Christi
O Corpus Christi, expressão em latim que significa "Corpo de Cristo", é celebrado 60 dias após a Páscoa e marca a instituição da Eucaristia durante a Última Ceia
Publicado: 19/06/2025 às 18:34

Tradição dos tapetes na data de Corpus Christi, na Paróquia De Nossa Senhora do Rosário, Pina, Recife. (Nivaldo Fran)
Coloridos, delicados e carregados de significado, os tapetes de Corpus Christi transformam as ruas de várias cidades pernambucanas em verdadeiros corredores de fé. Mais do que uma manifestação artística, a confecção dos tapetes é um ritual coletivo que atravessa gerações e guarda, em cada traço, a devoção ao Santíssimo Sacramento. A tradição, de origem europeia, chegou ao Brasil com os colonizadores portugueses no século XVI e, desde então, tornou-se parte importante do calendário católico, especialmente em comunidades interioranas.
O Corpus Christi, expressão em latim que significa “Corpo de Cristo”, é celebrado 60 dias após a Páscoa e marca a instituição da Eucaristia durante a Última Ceia. Para os fiéis católicos, a data representa um momento de adoração pública à presença real de Jesus Cristo na hóstia consagrada. Por isso, as procissões são o ponto alto da festa, e os tapetes confeccionados no chão têm um propósito especial: acolher a passagem do Santíssimo Sacramento pelas ruas.
A tradição dos tapetes teve início na Europa medieval, como uma forma de homenagear e preparar o caminho por onde passava a procissão eucarística. Grupos de paroquianos, jovens, idosos, escolas e movimentos pastorais se unem, muitas vezes durante a madrugada, para cobrir os trajetos com arte efêmera e cheia de simbolismo.
Os materiais utilizados geralmente são simples, mas a criatividade é ilimitada. Serragem colorida, areia, sal tingido, flores, papel picado e até sementes fazem parte dos itens. As imagens retratadas vão desde símbolos eucarísticos como o cálice, o pão e o vinho, até representações de Jesus, Maria, anjos e trechos de passagens bíblicas.






















































A celebração não se resume ao aspecto visual. Após a confecção dos tapetes, as igrejas realizam missas e procissões, levando o ostensório com a hóstia consagrada pelas ruas, enquanto os fiéis acompanham com cantos e orações. O ato simboliza a presença viva de Cristo caminhando entre o povo, abençoando casas, ruas e corações.
Apesar de ser um feriado nacional, para os católicos o Corpus Christi não é apenas um dia de descanso. Trata-se de um dos momentos mais significativos do calendário litúrgico, marcado pela devoção e pela expressão pública de fé. Os tapetes, que desaparecerão ao fim da procissão, deixam como herança a lembrança de um gesto de amor e dedicação.

