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INDIGNAÇÃO

Passageiro do voo Recife-Madri conta via-crúcis a bordo de uma "aeronave estranha"

Advogado Sergio Poggi Aubert ficou indignado por contratar serviço da Azul e ser obrigado a embarcar numa outra companhia: péssimo atendimento de bordo e equipamento descuidado

Carlos Lopes

Publicado: 13/06/2025 às 10:47

Aeronave que faria primeiro voo Recife-Madri apresentou problemas duas vezes logo após da decolagem /DIVULGAÇÃO/EUROATLANTIC

Aeronave que faria primeiro voo Recife-Madri apresentou problemas duas vezes logo após da decolagem (DIVULGAÇÃO/EUROATLANTIC)

Surpresa, desconforto e indignação resumem a experiência do advogado Sergio Poggi Aubert no voo inaugural Recife-Madri, que deveria ter acontecido na noite da última quarta-feira (11). “Um descaso”, lamentou, de imediato, quando procurado pela reportagem do Diario de Pernambuco.

A via-crúcis de Sergio, e de outros passageiros, começou quando ele pôs os pés na aeronave: “A sensação de uma aeronave estranha. Poltronas velhas, cintos desgastados, telas de multimídia apagadas”.

O combo de problemas se estendia ao som dos avisos dados pelo comissário e comandante. “Inaudível, péssimo. Não dava para entender nada”, contou. E não só pela qualidade do equipamento. “Sou acostumado com o sotaque português, mas pouco se entendia o que o comandante falava”.

O advogado também foi surpreendido pelo tratamento pouco cordial recebido a bordo. “Nitidamente, percebia-se que eles estavam nervosos”, avaliou o estado do staff da EuroAtlantic, que a cada minuto na aeronave, não a toa, parecia contaminar os passageiros.

Tudo isso, com o avião ainda no solo. Pouco depois da decolagem, Sergio contou que a turbulência tomou conta da aeronave, pedidos para afivelar o cinto foram feitos. “Não demorou e o comandante, em um inglês bem ruim, avisou que precisaríamos retornar”.

Enquanto o avião dava voltas sobre o oceano para gastar o combustível e reduzir o peso da aeronave, o nervosismo da tripulação se transformou em rispidez no tratamento com os passageiros.

“Nos proibiram de levantar da poltrona. Não nos deixaram nem ir ao banheiro, chegaram a trancar a porta”, relatou o advogado. “Um passageiro falou que iria fazer ali mesmo, na poltrona”.

Até retornarem à pista do Aeroporto dos Guararapes, Sergio e os outros passageiros não tiveram informações sobre o que estava acontecendo, o que só aumentou a tensão. “Quando a gente achava que iria aterrissar, o avião arremetia. Era uma sensação de insegurança, de medo, de desconforto. E de revolta”.

A revolta do advogado, compartilhada pelos ocupantes das outras poltronas, era por contratar o serviço da Azul e voar em uma aeronave de outra companhia, que ele sequer conhecia.

“Isto para mim é uma quebra de contrato entre os passageiros e a prestadora de serviço. É triste ver que os órgãos reguladores não tenham o cuidado de assegurar e proteger o cliente neste sentido”, revelou Sergio, na manhã desta sexta (13).

Já na Espanha, ele contou que conseguiu ser relocado em um voo da TAP para Lisboa, de onde seguiu para Pontevedra, cidade da região da Galiza, onde teria compromissos profissionais.

Mesmo sem prejuízo na agenda de trabalho, o voo inaugural Recife-Madri, que não aconteceu, deixou o sentimento de indignação em Sergio. “A Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) e a AENA (empresa espanhola que administra o Aeroporto dos Guararapes) precisam ser mais meticulosas com relação a este tipo de contrato de prestação de serviço para transporte aéreo”.

O advogado relatou que após o desembarque, os passageiros, entre eles pessoas com deficiência física, idosas e crianças, seguiram sem ter informações sobre quais providências seriam tomadas.

“Chegaram a nos passar que o equipamento seria reparado para que seguíssemos o voo na mesma aeronave. O que é, no mínimo, um absurdo. “É um descaso”.

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